O Ladrão da Alegria

Janeiro 6, 2014 at 1:40 am

709759_18976380A festa de Natal está linda, a comida deliciosa! As crianças brincam felizes e esperam com ansiedade a hora de  abrir os presentes até que as primeiras embalagens são abertas e aí começa o choreiro: “Mãe!  O meu carrinho é verde, e o dele azul, eu quero o azul!” Será que esta cena só acontece aqui em casa?

É incrível como as crianças tem a tendência de se comparar desde cedo. “Eu sou o mais forte”, “Eu sou  maior que você”, “De quem você gosta mais, mamãe?” – são frases que sempre ouvimos nossos filhos dizendo.

Embora seja natural para as crianças observarem as diferenças, nós como pais devemos cuidar para não estimular a comparação entre nossos filhos e outras crianças. O cuidado deve ser ainda maior para quem tem mais de um filho.

A comparação pode gerar um sentimento de inadequação e de rivalidade. O famoso psicólogo Dr James Dobson alerta:  “Embora um certo nível de disputa entre seus filhos seja inevitável, você pode minimizar estes conflitos evitando a comparação entre eles”*

Cada criança tem características, dons e talentos únicos. Mesmo que aos olhos humanos algumas crianças pareçam desqualificadas ou em desvantagem, Deus as criou com um valor que não está simplesmente relacionado com o que elas podem ou não executar. Se nós como pais estivermos sempre usando uma das crianças como modelo, isto pode gerar uma rivalidade e sentimento de disputa entre eles que pode durar a vida toda. A criança que se sente diminuida pode reprimir seus dons e talentos, e tentar se tornar alguém que ela não é, só pra agradar aos pais. Conversando com pais de gêmeos que moram aqui na Georgia, descobri que as escolas daqui não aconselham que dois irmãos estejam na mesma classe, pois o que tem a personalidade dominante poderá “abafar” a outra criança. Como pais, queremos o melhor para nossos filhos, mas devemos respeitar o fato de que eles são indivíduos únicos, e assim devem ser tratados. Não devemos forçar nossos filhos a serem algo que eles não são por pressão da sociedade. Por exemplo: existem profissões que são mais valorizadas do que outras, mas se nossos filhos não tem o interesse por aquela área, de que adianta? Devemos incentivar nossos filhos a serem o melhor que eles podem ser, e não a ser melhor do que os outros. Uma criança que se destaca academicamente não é necessariamente mais bem-sucedida do que uma que tem dificuldades.

Pesquisando sobre o assunto, encontrei um depoimento de uma pessoa anônima que descreve bem o estrago que a comparação pode fazer: “Minha mãe me pedia para ser mais como a minha irmã. Eu sempre ficava profundamente machucada com este pedido. Isto também me separou da minha irmã, tanto mentalmente como emocionalmente. Eu fiquei triste sobre esta comparação por muitos e muitos anos. Eu amava tanto minha mãe e era tão triste pra mim que ela não gostava de mim tanto quanto da minha irmã… Eu gostaria de dizer que eu as perdôo, mas muitos anos depois eu ainda não consigo”. Percebi a tristeza desta mulher nesta declaração, um coração de uma criança que foi quebrado e agora, mesmo ainda na vida adulta, traz sentimentos de rejeição e dor.

A comparação sempre gera frustração, pois se nos consideramos melhores do que outros, nos tornamos orgulhosos e arrogantes. Por outro lado, se nos consideramos piores, podemos cair em um sentimento de inferioridade e autopiedade.

Uma frase de Theodore Roosevelt resume bem o assunto: “A comparação é o ladrão da alegria”.

A Bíblia nos mostra que o caráter é mais importante do que conquistas. Em Gálatas 6:4 e 5 lemos: “Que cada pessoa examine o seu próprio modo de agir! Se ele for bom, então a pessoa pode se orgulhar do que fez, sem precisar comparar o seu modo de agir com o dos outros. Porque cada pessoa deve carregar a sua própria carga.”

Este princípio nos mostra que devemos tratar nossos filhos com justiça e misericórdia. Cada pessoa, e isto inclui cada criança, carrega sua própria carga. A luz disto, devemos cobrá-los com justiça e baseado nas características e dons que cada um apresenta, e não em comparação com outros.  Vamos cuidar  dos sentimentos dos nossos filhos. Eles são preciosos demais para serem machucados por quem eles mais amam! E lembre-se: as crianças aprendem pelo exemplo, então nada de ficarmos nos comparando com outras pessoas o tempo inteiro. A mesma regra que vale para nossos filhos vale também para nós; seja a melhor mulher que você pode ser, e não se preocupe em competir com outras!

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*citação retirada do livro:  Night Light for Parents, Dr James Dobson.

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