Quero confessar algo feio para vocês: já me peguei estressada com meus filhos ou marido, cobrando deles algo indevido ou colocando sobre eles uma culpa que eles não mereciam. 

Isto normalmente acontece quando me comprometo com algo que exige bastante de mim (algumas vezes algo que nem deveria ter assumido), fico nervosa e ansiosa pela carga e quando meus filhos me “interrompem”, pergunto: “Vocês não veem o tanto de coisa que eu tenho pra fazer pra festa de aniversário amanhã? Eu não tenho tempo pra isso agora. E além de tudo, é pra vocês que estou fazendo esta festa. Faço tudo por vocês.”, ou “amor, sai do meu caminho que estou a ponto de surtar”. 

Mas sabe o que tenho descoberto? Uma mãe ou esposa que está o tempo sobrecarregada não é uma boa opção pra ninguém. Nem para ela mesma e nem para os que estão ao seu redor. Por isso, preciso fazer menos pelos meus filhos… preciso fazer menos e ser mais. Preciso entender que eles não precisam de mais coisas, de mais dinheiro, de mais presentes, de festas maiores. Eles precisam da minha presença. 

A Bíblia nos conta a história de 2 irmãs: Marta e Maria. Uma coisa super interessante sobre Marta é que seu nome, em aramaico, significa Senhora, Patroa, Dona do Lar. Historiadores dizem que Marta provavelmente era a irmã mais velha, e como tal, sentia-se na responsabilidade de cuidar de tudo e de todos com perfeição. A identidade de Marta, a forma como ela se via, e o valor que ela dava a ela mesma, estava ligado ao que ela fazia, a sua função como patroa do lar. (Lucas 10)

Então quando Jesus chega a sua casa, nada mais natural para Marta, que amava muito Jesus, do que sair correndo servindo Jesus. Ela queria a casa impecável, ela queria o melhor jantar, ela queria mostrar a Jesus seu amor e dedicação servindo-o  e provavelmente não havia nada errado com isso. O problema era que, no anseio de dar o melhor, Marta se esqueceu de algo importantíssimo: estar presente! Jesus provavelmente se sentiu honrado com tudo que Marta fez e gostava de desfrutar da comida gostosa que ela fazia, mas mais do que amar as coisas que Marta fazia, Jesus amava Marta. A presença dela era importante. Ela era importante, independente do que ela fazia. 

Nossos filhos e esposo certamente apreciam e amam tudo que fazemos. Mas eles amam mais a nós do que o que podemos fazer por eles. Nossa atitude fala mais alto do que o que fazemos. Se aceito um compromisso ou tarefa que vai me deixar sobrecarregada, de mal humor, e com uma atitude super negativa, será que vale a pena mesmo aceitar? Se a promoção no trabalho vai custar meu tempo com meus filhos, minha energia e alegria, devo mesmo assim aceitar com o intuito de poder dar mais para minha família? Se encher os dias com classes de ballet, football, inglês, artes e fotografia vai estressar a todos, por que não eliminar algumas delas ou deixar para depois?

Marta certamente agia em amor e fazia aquilo que estava acostumada a fazer, aquilo que ela pensava que  definia quem ela era. Eu também, muitas vezes, ajo como Marta, e também o faço por amor e com as melhores das intenções. Faço porque não quero dizer não para uma oportunidade, porque não quero magoar a amiga que me convidou, porque quero dar o melhor futuro para meus filhos, porque amo fazer coisas pelos outros. E não tem nada de errado com isto. Mas Jesus lembrou a Marta que a melhor escolha é estar presente. Que mais do que amar o que ela fazia, Ele amava ela. Da mesma forma, mais do que amar o que podemos fazer por eles, nossos filhos amam a gente. E o melhor presente que podemos dar a eles é se fazer presente! 

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