Minha História de Amor é Chata

Dezembro 26, 2014 at 12:00 am

Olá mamães! Hoje a Lisa Jo Baker nos traz um lindo texto sobre a vida amorosa “chata” de um casal. A inspiração para o texto veio depois dela ler a frase que uma adolescente twittou e virou viral sobre o que seria uma vida amorosa ideal para aquela adolescente.

“Minha vida romântica nunca será satisfatória até que alguém corra o aeroporto todo para me impedir de entrar em um vôo.” Post da semana no site Huffington Post

Ele nos levou para casa dirigindo dezoito horas em dois dias.

Três crianças e centenas de quilômetros e paradas pra ir ao banheiro e fraldas e mais fraldas, o carro coberto com tinta de uma canetinha especial que eu comprei pras crianças brincarem de desenhar na janela. A tinta acabou no teto bege da nossa van. Um arco íris cobre o painel da porta e os farelos das bolachas estão tão enfiados dentro dos bancos que é bem possível que no próximo verão, nessa mesma viagem que fazemos anualmente pra encontrar com a família em uma casa de lago, os farelos ainda estajam lá!

Ele nunca parou um vôo por minha causa.

Por três vezes ele segurou minhas mãos, minhas pernas que tremiam, minha cabeça e meu coração enquanto eu chorava e sofria para trazer uma criança ao mundo. Ele corria pra buscar água, pra encontrar os doutores durante o turno da noite, se dispôs a ajudar em tudo pra que eu me sentisse melhor. Esteve ao meu lado durante todo o “faz força”  e “eu não vou aguentar” do parto e eu me sentia forte quando ele segurava minhas mãos.

1291971_95250570Existe um rumor, um mito, uma ficção, uma fantasia de que o amor se parece com uma cena de filme, em que o mocinho corre pelo aeroporto pela chance de um beijo apaixonado.

E a cena final chega, e os créditos do filme rolam na tela, e as luzes se acendem.

E nós voltamos para a nossa vida real e nos esquecemos que é ali que o amor verdadeiramente existe.

Eu vomitei tanto e tão frequente uma noite em uma fazenda na Pensilvânia que eu não conseguia me levantar na manhã seguinte. Ele deixou a cama toda para mim para que eu pudesse descansar. Ele foi comprar bolachinhas e sucos para mim. Ele passou o dia jogando jogos com três crianças para mantê-las ocupadas e longe da mamãe.

Eu me olhei no espelho e não havia nada romântico em mim, mas mesmo com as rugas e olheiras ao redor dos olhos e as  bochechas pálidas, havia um sentimento de romance profundo por me sentir amada independente de como eu me via no espelho.

Ele nunca parou um vôo por minha causa.

Ele já saiu pra comprar leite às 10 da noite, ele já cuidou das nossas crianças quando elas tiveram um vírus estomacal, e ele me disse que não existe nada em nossos filhos que cause nojo nele. Ele nos carregou em seus ombros quando nos sentimos muito cansados ou muito tristes ou desanimados pra fazer as coisas rotineiras do dia a dia.

Ele já pôs centenas de roupas na máquina de lavar e já me ajudou com os pratos.


Ele entrega sua vida por nós diariamente e me parece que tantos momentos simples costurados juntos formam o testemunho de um bom homem que volta pra casa e pra família todo dia em sua velha van com ar condicionado quebrado.

Me sinto aliviada ao olhar e perceber que ele está lá, ao meu lado a cada dia, e a cada noite e a cada ano também.

Já passamos  milhares de anoitecer juntos e ainda assim seguramos as mãos e encostamos os nossos pés pela noite debaixo do edredom, e mesmo quando estamos de mau humor ou brigando nós estamos nos esforçando pra voltar um pro outro.

Ele nunca parou um vôo por minha causa.

Ele tem seu sono interrompido e as crianças se enfiam ao lado dos seu ombros nos dois lados da cama. Ele é paciente e amável.

Ele sempre protege, sempre confia, sempre espera, sempre persevera.

E nós corremos para ele. Quando a velha van entra dentro da garagem, os seus filhos saem correndo e se atropelando, abandonando seus tênis e suas bolsas para serem os primeiros a abrirem a porta da garagem e se jogarem nos braços do homem que pode segurá-los.

Ele nunca parou um vôo por minha causa.

Este amor simples e comum caminha vagarosamente todos os dias. Um passo, um dia, uma brincadeira de bola a cada dia.

Uma ajuda na lição de casa, um lancheira preparada pra escola, um projeto de artes, uma brincadeira de lego, um copo de água levado no quarto.

Este amor comum e simples, que acorda com mau hálito e marcas do travesseiro no rosto. E é este amor que é o pão diário que me sustenta durante as dificuldades e exaustão, de tentar ser uma mãe e uma boa influência, e ser de alguém pra sempre.

E isto sim é o amor pra vida inteira – viver cada um dos pequenos, às vezes insuportáveis e tediosos momentos da vida – juntos.

Relevar velhas piadas contadas de novo e pequenos desentendimentos. Cuidar da nossa língua desenfreada e nosso temperamento como um presente para a pessoa que nos foi dada.

Ele me deixa esquentar meu pé gelado como gelo em suas pernas e na coberta durante a noite.

Ele nunca parou um vôo por minha causa.

Isto é amor pra via inteira: com as luzes ligadas e os olhos bem abertos. Este é o amor corajoso, o amor chato e sagrado, o amor santo e comum sobre pias cheias de pratos sujos e o sofá manchado.

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O texto em inglês pode ser encontrado aqui:

http://lisajobaker.com/2013/07/when-you-think-your-love-story-is-boring/#sthash.dwJ3uuo.dpuf

Tradução e postagem feitas por Tathiana Schulze e autorizadas pela autora.

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