Será que criança dá tanto trabalho mesmo ou a gente que complica as vezes?
Quando era pré-adolescente, costumava ir ao mercado a pé fazer algumas comprinhas de última hora para minha mãe. Eu sabia que teria que andar por 20 minutos com as sacolas penduradas no braço. Se exagerasse na quantidade de coisas que comprava, o caminho de volta pra casa se tornava difícil. Os braços ficavam marcados pela alça das sacolas, algumas vezes a sacola arrebentava e tudo caia no chão. Chegava em casa suada e exausta. Dizia pra mim mesma: da próxima vez vou ser mais cuidadosa com o que compro, só vou comprar aquilo que realmente preciso pra não ter que ficar andando por aí com todo este peso.
Enquanto escrevo este texto meu marido está viajando! Foi passar 9 dias em Portugal participando de um congresso. Ano passado ele foi para Irlanda a trabalho, passou 15 dias e eu fiquei sozinha com os três. O Noah tinha poucos meses. Durante esses períodos meu marido e família, que mora em outro país, ficaram bem preocupados de como as coisas seriam para mim, com os três, sozinha. Mas pra falar a verdade, tudo foi tranquilo! Quero dizer, tive que trabalhar bastante e no fim do dia me sentia cansada, mas não estava em um caos total e nem sobrecarregada.
Não me entenda mal, não sou uma super mãe, nem a mulher maravilha. Também não estou aqui me gabando de que meus filhos são anjinhos. Eles aprontam, fazem birra e eu fico sim cansada. Mas vou confessar algo pra vocês: tudo era muito mais difícil e cansativo quando tinha um só filho! Ficava bem estressada e até cogitei não ter mais filhos. O que mudou? Aprendi certas coisas no decorrer destes últimos anos que me ensinaram a desfrutar a vida de mãe em vez de simplesmente chegar ao fim do dia com a sensação de ter sobrevivido a mais um naufrágio.
Em minha experiência vi que um dos principais motivos que nos impede de desfrutar a maternidade e nos frusta é porque nos tornamos muito sobrecarregadas. Temos coisas demais na nossa lista de afazares, nossa agenda vive cheia e a mente preocupada e ansiosa: será que vou conseguir realizar tudo que preciso? Era exatamente assim que me sentia nos primeiros meses com meu filho mais velho, o Josh. A chegada dele me ensinou uma das lições mais difíceis que ainda estou aprendendo: dizer não. Sempre fui o tipo de pessoa que não gosta de dizer não. Fico constrangida e meu desejo de agradar fala mais forte e acabo dizendo sim, mesmo sabendo que não poderia naquele momento. Mas um dia ouvi uma frase de uma terapeuta que me abriu os olhos: “cada vez que dizemos ‘sim’ para alguma coisa, estamos dizendo ‘não’ para outras coisas. Explico: os recursos que temos são limitados: dinheiro, energia e especialmente o tempo. É impossível estar em dois lugares ao mesmo tempo, então se digo sim, por exemplo, pra assistir tv por 3 horas, estou dizendo não para todas as outras coisas que poderia fazer durante aquelas três horas! Se digo sim para gastar demasiadamente, também estou dizendo sim para ter que trabalhar horas extras e consequentemente estou dizendo não para passar mais tempo com minha família e filhos.
Percebi que quando aprendi a administrar melhor o meu tempo, avaliando quais são minhas prioridades, que estação da minha vida estou vivendo, e quais são as motivações do meu coração para dizer “sim” ou “não” para determinada oportunidade, consigo andar em um ritmo no qual meus filhos podem me acompanhar e a vida ficou muito mais leve e gostosa para todos nós!
Outro ponto importante é que, quando reajustamos nossas prioridade e focamos no que realmente importa, temos mais tempo para atender as necessidades dos nossos filhos. E acredite em mim: crianças que tem suas necessidades atendidas dão muito menos trabalho. Falo aqui de necessidade físicas, como estar bem alimentado e dormir horas suficientes, e também emocionais e espirituais, como se sentir amado, seguro e guiado. Nada de dar tudo o que a criança quer ou achar que ela precisa ter todos os desejos realizados imediatamente. Já viu uma criança pequena exausta? Você pode falar o que quiser e disciplinar o quanto quiser, ela ainda não tem controle sobre a exaustão, e vai chorar, fazer birra e reclamar. Claro que vivemos em um mundo real: recebemos visitas, temos que reformar a casa, alguém na família fica doente ou surge um problema no trabalho, e tudo isso nos desequilibra. Por outro lado, creio que muitos de nós estamos vivendo constantemente sobrecarregados!
Lembra das minhas caminhadas ao supermercado? Durante nossa jornada aqui na terra também temos que carregar “sacolas” que são parte da vida. Algumas, por mais que possam ser pesadas, são essenciais para nosso crescimento. Outras vezes, no entanto, acabamos carregando sacolas totalmente desnecessárias, que vão minando nossa alegria e roubando nossa energia. O caminho começa a ficar difícil demais. Pode ser a sacola da falta de perdão, a sacola da comparação, a sacola da ganância, do orgulho e até do perfeccionismo. Eu, pessoalmente, tive que jogar fora a sacola “o que os outros pensam de mim” e substiutí-la pela sacola “o que Deus espera de mim”.
Descobri que os “sim” e “não” que dizemos diariamente vão determinar como está jornada será: realizadora, importante e com valor eterno, ou frustrante, desgastante e fútil.
“Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso.Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.
Mateus 11:28-30
“Quem examina cada questão com cuidado, prospera, e feliz é aquele que confia no Senhor.”
Provérbios 16:20