Estava no supermercado e na hora de pagar pelas compras, procurei pelo caixa mais vazio. Ao me aproximar da atendente, uma simpática e bonita senhora de meia idade, a cumprimentei e rapidamente comecei a colocar os meus itens na esteira. Ela começou então a escanear os ítens cuidadosamente e lentamente. Da mesma forma que ela era muito querida, ela era muito lenta. Confesso que comecei a ficar um pouco agoniada ao perceber que os caixas do lado já tinham passado a compra de 3 ou 4 clientes enquanto eu ainda esperava que ela finalizasse a minha. Mas antes que a impaciência me dominasse, comecei a refletir como o problema não era com aquela senhora, o problema era comigo. Se não tenho 10 minutos a mais para esperar uma pessoa que é um pouco mais devagar fazer seu trabalho, o problema não está nela, está em mim.

Se cada vez que vamos sair de casa, fico apressando meu filho porque ele demora demais para colocar seus sapatos, porque seus pequenos dedinhos ainda não estão bem treinados e ele ainda está aprendendo como amarrar o tênis, o problema não está nele, o problema está em mim.

Se fico irritada com a pessoa de idade cuja as vistas já não funcionam tão bem e por isto dirige bem devagarinho na minha frente, o problema não está na vista fraca, mas em mim.

Alguns anos atrás, senti uma dor no coração quando ouvi meu filho mais velho pressionar o mais novo: “anda logo, você não vê que a mamãe está com pressa?” Meu coração deu pelo pequeno, meu coração doeu pelo meu filho maior. Que tipo de estresse estava eu adicionando a sua vida, que ele, um garotinho de uns 7 aninhos, se sentiu responsável por cobrar que seu irmão mais novo andasse mais rápido para que a mamãe não ficasse chateada?

Decidi que precisava mudar. Organizar minhas prioridades. Cortar distrações da minha vida. Ter mais tempo entre um compromisso e outro para não estar sempre correndo contra o relógio. Minha decisão foi apenas um começo de uma caminhada. Dia após dia preciso lembrar a mim mesma e vigiar minhas escolhas para que não esteja ocupada demais, sempre correndo e impaciente.

E quando começo a exigir que todos a minha volta andem mais rápido, comam mais rápido, trabalhem mais rápido, é tempo de reavaliar em quem está o problema. 

Me perdõe filhinho! Você pode sim levar 5 minutos para tentar amarrar o cadarço sozinho. Você não é devagar. A mamãe é quem tem muito o que aprender com você.

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