O dia em que esqueci de buscar meu filho no ponto do ônibus.
Eu esqueci de buscar meu filho no ponto do ônibus que o traz de volta da escola! Simples assim!
Todos os dias, desde que ele começou a ir à escola há 2 anos atrás, eu tenho o buscado pontualmente e voltamos para casa conversando sobre como foi seu dia e sobre o que iremos fazer à tarde. Na sexta-feira, no entanto, coloquei meus dois menores pra descansar, pus o celular no silencioso pra não acordá-los com o barulho de alguma ligação, fui organizar a cozinha e sentei no computador pra escrever um texto para o blog. Alguns minutos depois meu irmão e cunhada chegaram, começamos a conversar, até que deu um click, olhei no relógio e vi que o ônibus já havia passado fazia 15 minutos. Por alguns minutos fiquei estarrecida de como minha mente simplesmente “desligou” naquele dia. Quando corri pegar a bolsa e a chave para ir busá-lo, havia várias ligações perdidas da escola e do meu marido, preocupados porque eu nunca tinha perdido o horário.
Quando a mãe não está no ponto, pelo regulamento da escola, a motorista do ônibus escolar leva as crianças de volta para a escola e lá eles ficam esperando pelos pais. Fui buscá-lo e lá ele estava, esperando junto com outras crianças que participam do programa “after school” (horas extras escolares para os pais que trabalham fora} . Pedi mil desculpas pra secretária e expliquei que simplesmente minha mente falhou e ela me disse que não havia problema nenhum, que diariamente várias crianças acabam retornando pra escola porque os pais não chegaram a tempo no ponto de ônibus e se despediu com um sorriso acolhedor, percebendo minha agitação.
Pedi perdão pro meu filho, que estava um pouco chateado, expliquei que a mamãe falhou mas que não foi de propósito e continuamos nossas atividades diárias, depois de um abraço forte.
O mais curioso pra mim foi que nos momentos antes de tudo isso acontecer, estava digitando o seguinte texto que planejava publicar mais tarde no blog
“E se você decidisse parar de se comparar? E se vocês simplesmente aceitasse você mesmo na sua gloriosa imperfeição, sabendo que você deve continuar crescendo, mas sabendo também que de vez em quando você vai acordar irritada, e que você vai esquecer algo importante de vez em quando e vai dizer a coisa errada as vezes?
E se de vez em quando você celebrasse seus filhos exatamente aonde eles estão, mesmo que os modos à mesa não estejam perfeitos, as roupas estejam mal combinadas ou o quarto um pouco bagunçado? E se você se permitisse apenas amar suas crianças, sua vida e você mesma completamente, mesmo com imperfeições e tudo o mais?” Dr Laura Markham
Ali estava eu escrevendo sobre ser paciente comigo mesma e minutos depois precisando colocar em prática o que escrevia.
Sabe, se este mesmo episódio tivesse acontecido alguns anos atrás, provavelmente eu iria passar meses me culpando e torturando, porque eu simplesmente não admitia que eu poderia falhar. Cada vez que eu era confrontada com minha humanidade me sentia envergonhada e humilhada. Recentemente, no entanto, tenho aprendido que, apesar de querer sempre acertar e buscar o aperfeiçoamento, alguns dias vou pisar na bola sim, seja me esquecendo de algo importante, seja falando algo que não devia ou explodindo quando me sinto sobrecarregada. Não gosto quando estas coisas acontecem e minha meta é sempre continuar crescendo e amadurecendo. Mas ser misericordiosa e graciosa comigo mesmo tornou-se mais importante do que ser “perfeita”, ou seja, não cometer erros. Sabe por que? Porque eu só posso oferecer aos outros, especialmente ao meu marido e filhos e os que estão mais próximos de mim, aquilo que eu tenho. Se sou intransigente comigo mesma, se não aceito falhar ou errar, se vivo sofrendo e me martirizando pelos erros passados ou presentes, provavelmente irei exigir o mesmo dos que estão à minha volta.
Agora, se tenho uma atitude de misericórdia, de graça, de focar nos acertos e não somente naquilo que precisa ser mudado comigo mesma, provavelmente poderei oferecer esta mesma graça e espaço para crescimento aos que estão à minha volta. Perceber que eu erro me deixa mais paciente com os erros dos outros. Não preciso ter um ataque de nervos quando meu filho esquecer a jaqueta na escola, nem deixar meu marido louco se ele esquecer de pendurar a toalha molhada.
Claro que precisamos estar sempre fazendo um análise. Se os esquecimentos ou o mal humor ou a irritação são rotina em vez de momentos esporádicos, pode ser que estejamos precisando dar uma reavaliada em nossas vidas. Talvez alguma área esteja desequilibrada e estamos nos esquecendo do que é prioridade.
Outras vezes, no entanto, precisamos aceitar que erros, esquecimentos e dias difíceis acontecem de vez em quando e aproveitar estes momentos pra ensinar uma das maiores lições que podemos ensinar pros nossos filhos: graça, misericórdia e amor.
Antes de tudo, exercei profundo amor fraternal uns para com os outros, porquanto o amor cobre uma multidão de pecados. 1 Pedro 4:8
Gostou? Curta nossa página no face pra se conectar com outras mamães reais!