O Amor de um Pai
Sentados à mesa, comendo o peixe que meu filho orgulhosamente fazia questão de lembrar a cada minuto que tinha sido pescado por ele, descobri algo sobre meu marido e pai dos meus filhos que até ali ninguém de nós sabíamos.
Meu filho, super orgulhoso por ter pescado o peixe que toda a família desfrutava nas férias na praia, perguntou:
- “Papai, qual foi o maior peixe que você já pescou? Você já pescou um tão grande que nem este que eu pesquei e estamos comendo?”
A resposta do meu marido trouxe um silêncio na sala, entre as crianças sempre tão barulhentas, e uma lição que espero nunca esquecer!
- “Eu nunca pesquei um peixe, filho”.
- “Como assim, papai? Quando você era criança e ia pescar com seu pai, você nunca conseguiu pescar sequer um?”
- “Eu nunca fui pescar com meu papai”
Agora meus outros dois filhos, também inconformados com a resposta do pai, juntaram-se a conversa. Como podia, o homem que por anos os tem levado pescar em rio e praia, aquele que comprou as primeiras varinhas de pescar que eles tanto insistiram para ganhar (depois que eles tinham pescado em um pesque pague com um familiar uma vez e se apaixonado pelo hobby), aquele que os ensinou a lançar o molinete, a colocar a isca, a desenrolar os fios que tantas vezes se prenderam, e aquele que celebrou dezenas de vezes com eles o peixe pescado, nunca ter pescado um peixe?
Não fazia o mínimo sentido.
- “Por que você nunca pescou com seu papai?”, perguntou um de meus filhos.
- “Meu papai era um homem muito bom e trabalhador, mas ele tinha um problema nas pernas e sentia muitas dores, então ele não me levava pescar ou jogar bola ou essas coisas. Os tempos eram diferentes e tudo muito mais difícil,” disse meu marido.
- “Mas e depois de grande, você não quis pescar?
- “Filho, o papai ama vir pescar com vocês. Eu amo arrumar as varas pra vocês, colocar a isca, e ver quão feliz vocês ficam quando pegam um peixe. Mas o papai não é um pescador. Eu não cresci pescando. Eu não iria sozinho ou com amigos passar dias pescando. Eu amo pescar com vocês! Eu amo pescar porque estou com vocês!
Meu marido não é perfeito assim como eu também não sou! Longe disso, erramos todo dia. Mas nesta conversa, me dei conta de que como ele, dezenas e dezenas de vezes, deixou sua zona de conforto por amor aos nossos filhos e a mim.
Ele nunca pescou nem soube como pescar. Mas aprendeu pelo menos um pouco e sempre planeja de levar nossos filhos, que tanto amam, pra ter um tempo de qualidade com eles.
Ele nunca praticou esportes em escolinhas ou clubes. Mas aprendeu um pouquinho de cada esporte para acompanhar meus filhos que são super atléticos e amam todos esportes. A primeira vez deles assistindo um jogo de basquete também foi a dele.
Tantas vezes limitamos o que podemos ser por aquilo que não tivemos! Mas naquele dia, naquela conversa totalmente despretensiosa entre meus 3 meninos e meu marido, aprendi duas lições:
Nossa passado não pode limitar nosso presente. Aquilo que já passou não nos define, a não ser que permitamos.
E o verdadeiro amor não é egoísta! Meu marido nunca iria escolher passar o dia pescando, mas ele o faz! Não porque ama pescar, mas porque ama nossos filhos! Ele ama pescar com eles!
Ele os leva a cada jogo da escolinha de futebol, de baseball e de basquete. Ele tira fotos, vibra e comenta sobre as jogadas. É amigo dos técnicos e o fotógrafo oficial dos times. No entanto, ele nunca se voluntariou pra ser um dos técnicos auxiliares, posição normalmente ocupada por um dos pais aqui nos EUA.
- “O papai não cresceu jogando esportes e não saberia como fazer”, já o vi dizendo aos meninos.
Mas os meninos nunca se importaram por isso! Eles não precisam de um pai “perfeito”. Eles precisam de um pai disponível e que os ame! E isso eles tem!
“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei.
Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado[a], se não tiver amor, nada disso me valerá.
O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca perece.” 1 Cortintios 13