Quinta-feira foi um dos dias mais difíceis que tive como mãe. Me senti envergonhada e humilhada. Mas antes de chegar ao meu pior momento, deixe-me contar como o dia começou bem. O sol estava brilhando lá fora e a temperatura super agradável. Depois de uma semana com 2 crianças doentes, todos se sentiam super bem e estavam de volta à escola. Uma amiga querida me mandou uma mensagem nos convidando pra brincar no parque. Meus filhos gostam muito de brincar com os filhos dela, então decidi fazer-lhes um agrado quando chegassem da escola. Deixei o almoço prontinho e preparei uma bolsa cheia de lanchinhos e sucos. Quando eles chegaram, tive uma excelente surpresa: o boletim escolar dos dois estava dentro da mochila e eles tiraram nota máxima em todas as matérias. Fiquei feliz de ver que meus meninos estão indo bem na escola, embora saiba que uma nota não é o que define quem uma criança é ou vai ser. Almoçamos e fomos pro carro em direção ao parque. Percebi que um dos meus filhos estava de mau humor, mas achei que assim que visse seus amigos iria se acalmar e relaxar. Minha surpresa foi quando, assim que chegamos no parque e dois deles desceram correndo do carro em direção ao parquinho, o outro disse que não queria brincar naquele parque e se recusou a descer do carro, bravo e chorando. Eu tentei conversar, explicar que ele não era obrigado a brincar mas que não poderia ficar no carro sozinho, teria que descer e sentar do meu lado. Mais uma vez ele se recusou, agora já chorando nervoso muito alto. Comecei a ficar nervosa pois era óbvio que já chamávamos atenção do parque inteiro, que pra meu azar estava lotado,  com sua birra e choro. Se estivesse apenas com ele, teria levado-o para casa naquele exato momento e lhe corrigido. Mas meus outros dois filhos já tinham corrido pra longe, aonde estavam minhas amigas e seus filhos. Tirei-o do carro à força enquanto ele berrava, se recusando a  mover. Fui para perto dos brinquedos na expectativa de que ele se acalmasse, mas ele voltava correndo pro estacionamento. A esta hora, todo mundo já olhava pra mim. Na tentativa de sair dos olhares das pessoas e acalmá-lo, levei-o para o banheiro e exigi que parasse com o escândalo. Ele chorava ainda mais. Saindo do banheiro, minha amiga me olha e me diz: “Pobre Tathiana, você o levou ao banheiro pra acalmá-lo e sair dos olhares das pessoas mas o eco das paredes amplificou dez vezes mais os choros e gritos.” Neste momento, já não era mais só meu filho que tinha perdido o temperamento. Eu me senti totalmente perdida, envergonhada e comecei a chorar. Chorava porque não sabia porque meu menino doce estava se comportando daquele jeito, chorava porque tinha planejado uma tarde agradável pra todos nós com muito amor e tudo fugiu do meu controle, chorava de vergonha de ter envergonhado minha amiga perto de suas outras amigas. Como ele continuava a chorar incontrolavelmente, falei que iria embora , coloquei-o no carro , voltei buscar a sacola de lanchinhos e meus outros filhos, que obviamente não queriam ir embora porque tínhamos chegado há 5 minutos. A única coisa que pensava era ainda bem que estou de óculos de sol pra que ninguém se lembre de mim da próxima vez que vier aqui.  No carro, ele e eu chorávamos de soluçar enquanto os outros meninos estavam com seus olhões arregalados, quietinhos não querendo piorar a situação. Meu marido, que normalmente trabalha no escritório, estava trabalhando de casa naquele dia e estranhou que eu já tinha voltado. Eu, chorando que nem uma criança, lhe dizia: “não é assim que as coisas acontecem todos os dias, eu amo ficar com os meninos e normalmente temos  uma tarde super agradável, mas hoje…” . Meu filho foi pro quarto conversar com o pai e de tanto chorar, acabou dormindo. Minha vontade era de também dormir, todos os músculos do meu corpo doíam, mas ao invés fui começar a preparar a janta. Minha amiga me ligou  tentando me consolar.

Meu filho acordou depois de uma horinha, já mais tranquilo e descansado. Conversamos com ele, o disciplinamos,  ele pediu perdão e eu também perdi perdão, porque na hora que estava brava, também perdi o controle.

Enquanto tudo isso, lembrava de um texto que li alguns tempos atrás, dizendo que criança mimada é falta de educação, sim! E que a culpa é dos pais. Também lembrei do vídeo que alguém covardemente filmou de uma mãe esperando num consultório médico enquanto seu filho a desrespeitava e como a maioria das pessoas foram rápidas em julgar aquela mãe.

Os americanos tem um ditado que diz, não julgue um livro pela sua capa. Ou seja, não chegue a conclusões sobre alguém ou algo olhando apenas superficialmente.

Não somos pais perfeitos, longe disso. Mas amamos nossos filhos profundamente, buscamos corrigi-los, discipliná-los  e ensinar domínio próprio constantemente. Cometemos muitos erros nesta jornada, certamente. Meu filho é um menino obediente, querido e respeitoso No almoço,  logo antes de sair de casa, recebi seu boletim só com elogios. Mas naquela tarde, tudo deu errado. Ele, por algum motivo, ficou nervoso e se descontrolou emocionalmente, chorando desesperado. Talvez ele estava cansado do longo dia na escola. Talvez algo aconteceu que o deixou chateado e ele não soube expressar. Talvez ele não dormiu suficiente à noite ou talvez, simplesmente, ele ainda está aprendendo. Aprendendo a se controlar, aprendendo a se acalmar quando fica frustrado com algo. Aprendendo que nem tudo é do seu jeito e por algum motivo, ontem, depois de muitos meses sem nenhum momento desses, ele não conseguiu. Eu também fiz o que consegui no momento mas não foi suficiente para acalmá-lo e evitar os gritos e choros. E como meus dois filhos já tinham corrido brincar, não podia simplesmente ir embora. Acabei chorando, me descontrolando, arrastando ele pelos braços e gritando com ele.

Sim, precisamos ensinar nossos filhos diligentemente! Sim, precisamos colocar limites, dizer não e sermos firmes. Mas mesmo fazendo tudo isso no melhor da nossa habilidade, teremos dias difíceis.  Teremos dias em que nos sentiremos envergonhadas e fracassadas. Dias em que eles tomarão decisões erradas e que as consequências serão ruins.  Algumas vezes, por ironia da vida, nos sentiremos felizes e orgulhosas e no mesmo dia frustradas e derrotadas, como aconteceu comigo.

Nesses momentos, precisamos nos lembrar que meu lindo filho que amo tanto é uma obra prima, mas é uma obra prima ainda inacabada. Preciso lembrar que eu sou uma obra prima inacabada. E que por mais que isso machuque nosso orgulho, estamos em construção.

E para os que olham de fora, não julguem um livro por sua capa. Quando você vir uma criança dando birra em um lugar público, saiba que na maioria das vezes, aquela mãe está fazendo o que pode pra resolver a situação. Mas que infelizmente, às vezes vai demorar alguns minutos pra que ela consiga controlar a situação. E que uma criança ter um comportamento inadequado em público não significa necessariamente que aquela família não vai tratar do assunto em casa.

Ao final do dia sentamos ao redor da mesa, como de costume, pra compartilhar uma refeição. Oramos, brincamos e conversamos. Meu filho ainda estava um pouquinho chateado pelo que fez e eu por ter reagido mal. Mas entre tacos e um copo fresquinho de suco de melancia, sabemos que o que nos une não é a perfeição, mas o amor. E este nunca falha! A obra ainda não está acabada, mas está sendo aperfeiçoada diariamente!  (Filipenses 1:6)

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