Mãe, faz quantos anos que você come comida fria?
Sendo a mãe de três crianças pequenas (leia-se meninos – cheios de energia, ativos, criativos, que amam lama, minhocas e sapos), eu e meu marido sempre acabamos decidindo nossos passeios e férias baseados em lugares que são compatíveis com crianças. As vezes, no entanto, quebramos esta regra. Este fim-de-semana, por exemplo, estamos recebendo alguns de nossos familiares queridos. Como se trata de apenas adultos, fizemos alguns passeios que não são tão apropriados para crianças. Em uma noite, fomos a um lindo restaurante com vista para toda a cidade, um local basicamente para adultos. Não preciso dizer que fomos o centro das atenções. Embora estejamos ensinando etiqueta à mesa aos nossos meninos, eles estão longe de graduar neste ponto. De vez em quando o suco cai, sai um “não gostei dessa carne” bem alto e até um arroto que leva os três as gargalhadas e a mãe ao delírio. Diante de muitas recomendações antes de sair de casa, os dois mais velhos até que se comportaram bem, mas o Noah, no auge da curiosidade e energia com seus 18 meses, não entendeu a conversinha que tivemos no carro. Depois de uns vinte minutinhos sentado em sua cadeirinha, ali estava ele puxando os pratos e dizendo uma de suas poucas palavras “sai, sai”, referindo-se a sair do cadeirão. Eu e meu marido, pra manter a paz das nossas visitas e de todo o restaurante, nos revezamos em caminhar com ele em um outro salão do restaurante que estava vazio enquanto ele, com seus olhinhos curiosos, desbravava tudo ao seu redor.
Algumas pessoas passavam por mim e se deliciavam com a cena do meu pequeno pimpolho, com sua calça jeans e sapatinhos, sorrindo e acenando para todos enquanto tentava trepar em um sofá no hall de entrada. Outros olhavam pra mim e certamente pensavam: coitada desta mãe, não pode nem sentar em um restaurante e comer uma comida quente.
Pra falar a verdade, eles estão certos: já faz mais de seis anos que frequentemente não como uma comida quente. Sou interrompida pela mais velho, que me pede pra cortar a carne para ele; às vezes pelo do meio, que precisa ir ao banheiro na hora do almoço e fica gritando lá do banheiro: ‘mãeeeee, to pronto, vem limpar eu” em alto e bom som, sem se importar se alguém na mesa tem estômago fraco. Às vezes um faz manha que não gostou da comida e outro deixa o suco cair. Mas quer saber de uma coisa? Não trocaria meus jantares interrompidos e minhas comidas frias por nada neste mundo. Sabe por quê? Porque há alguns anos atrás, eu estava sentada naquele mesmo restaurante, com uma caixinha de presente, e dentro dela havia um sapatinho de bebê. E ali, naquele mesmo restaurante, eu entreguei aquela caixinha pro meu marido e contei que estava esperando nosso primeiro filho. Lembro-me até hoje que ele e eu não conseguimos segurar as lágrimas, e que a alegria de ver nosso maior sonho realizado, o de ser pais, encheu nosso coração e transformou nossa vida instantaneamente.
As vezes nos focamos demais nas dificuldades normais do dia a dia e nos esquecemos que essas cosisinhas diárias são consequência de algo muito maior, muito mais valioso. Sim, minha vida mudou muito! Sim, sou uma mãe que muitas vezes não consegue sentar e comer sem ser interrompida. Sou uma mãe que paro de comer pra levar um ao banheiro, pra ajudar o outro a cortar a carne e pra caminhar com o bebê que não consegue ficar sentado por muito tempo. Mas me sinto a mulher mais realizada deste mundo. Como comida fria, mas ganho beijinho e abraços. Como comida fria, mas sinto meu coração explodir de amor. Como comida fria, mas recebo sorrisos que iluminam o meu dia. Não sinta pena de mim, a comida fria é apenas um detalhe que nesta linda estação da minha vida não faz a mínima diferença!
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