Loucuras de uma mamãe (e pai) perdidos em terra estranha!
Já passaram-se seis anos, mas lembro-me como se fosse exatamente hoje: “vocês estão liberados para ir pra casa, disse a enfermeira”. Este foi o momento que a angústia começou. “Como assim, ir para casa? E com esta criança, o que fazemos com ela?” Meu marido dirigia o carro como um dos famosos domingueiros. Eu, sentada no banco de trás, segurava a cadeirinha do bebê com tanta força que quando cheguei em casa, não sabia se doíam mais os meus braços de segurar a cadeira ou as pernas, pela força executada no trabalho de parto. Era o nascimento do meu filho mais velho, o Josh.
A inexperiência era tanta, que olhando para trás, o único que posso fazer é rir de tantas histórias engraçadas… Com meu primeiro filho, tinha pavor de que ele passasse fome. Então bastava que ele fizesse qualquer ruído que corria colocá-lo no peito. A cada 20 minutos estava eu, dando de mamar. Ele mamava por cinco minutos e virava a cara (claro, quem consegue comer a cada 20 minutos?), mas eu achava que algo estava errado. Afinal, os livros diziam que ele deveria mamar 20 minutos em cada peito… lá ia eu ligar para a enfermeira da clínica pediátrica. Meu filho nasceu com 4.380 quilos e aos 3 meses estava usando roupas de criança de um ano, mas na minha cabeça, não era possível que ele mamasse tão pouco. Liguei tanto para a clínica, pedindo conselhos a enfermeira, que ela acabou desistindo da profissão e procurando outra carreira.
Lembro-me quando fui levá-lo no checkup de 6 meses. Depois de fazer a consulta de rotina, a médica me disse que meu filho estava ótimo e perguntou se eu tinha alguma dúvida: sim, disse eu. Eu andava preocupada, pois quando meu filho nasceu, a médica me orientou que colocasse-o para dormir com a barriga pra cima, para evitar a síndrome da morte súbita. Sempre segui aquele conselho, mas agora com sete meses ele já sabia rolar na cama, e eu não sabia o que fazer pra evitar que ele se virasse de lado durante a noite. A médica, com a cara descrente do que estava ouvindo, apenas disse está tudo bem, não tem problema que ele se vire nesta idade. A enfermeira, um pouco mais abusada, me deu uma sugestão: amarre-o com uma algema!
Quando fiquei grávida do segundo, já estava mais descolada e esperta. Pensei que iria tirar de letra. O que eu não contava, no entanto, é que o Ian iria nascer com um problema crônico de infecção de ouvido. Pobrezinho do menino, teve 16 infecções de ouvidos em 15 meses, até que fizemos uma pequena cirurgia para colocação dos tubos, o que transformou seu humor! Mal terminava de tomar o antibiótico, começava a ficar enjoado e chorão, já sabia eu: outra infecção de ouvido. Devido ao incômodo grande causado pelas infecções, ele estava sempre meio mal humorado. Como ele não dormia bem pela noite por causa da dor, passava o dia irritado. Uma conhecida achava estranho ele resmungar tanto, e vivia me perguntando se eu já tinha feito aquilo ou isso. Um dia, quando fomos almoçar na casa de uma amiga, lá estava ela, e também nós, com nosso bebê irritado. Foi a oportunidade que ela precisava: pediu para ficar com o bebê um pouco, levou-o até o quarto da dona da casa. Acalmou-o por alguns minutos e veio toda orgulhosa me chamar: “vem só ver a calma do teu filho”. Enquanto me dirigia pra lá, já pensava o que é que eu estava fazendo de errado. Mas antes de ela terminar a frase ouço o choro do bebê. Confesso que ela ficou com uma cara de tacho e depois daquele dia nunca me perguntou o que eu estava fazendo de errado.
Dois anos se passaram e nasceu nosso terceiro filho. Ele tinha uns 6 meses e receberíamos visita para o jantar. O Noah amanheceu com febre. Pedi ao meu marido que o levasse à clínica de urgencias perto de casa, pois assim eu poderia preparar a casa para as visitas. Não se tratava de nada grave, apenas uma forte gripe. Meu marido chegou em casa com a receita do remédio e eu fui à farmácia comprar. Quando cheguei lá, me perguntaram os dados do bebê: Noah Samuel Schulze, disse eu. Tem algo errado, a receita está no nome de Ian. A farmacêutica correu ligar pro hospital e eu para meu marido. Não foi difícil descobrir. Meu marido passou duas horas no hospital chamando o Noah de Ian. O mais engraçado é que uma das médicas disse a ele que seu filho também tinha este nome e conversaram um tempão sobre o significado e origem, mas mesmo assim ele não percebeu que tinha dado o nome errado. A médica ficou tão desconfiada da história que só trocou a receita no dia seguinte. Tivemos que ir até lá pra levar os documentos.
Como bons brasileiros não entendemos nada de baseball, mas meu filho, por influência dos amiguinhos, queria jogar baseball. Lá fomos nós na loja comprar a chuteira, o taco e a luva. Passaram-se alguns dias e tívemos o primeiro treino. Constantemente perguntavam ao meu filho se ele era destro ou canhoto. Fomos para o segundo treino, e a pergunta continuava. Até que a ficha caiu: compramos a luva pra mão errada. Sendo ele destro, deveria usar a luva na mão esquerda, mas pela nossa lógica compramos para a direita. O treinador, tão educado, ficou sem graça de nos falar, mas com certeza deve ter dado boas risadas.
Seria impossível contar todas as nossas gafes neste texto. Agora todas me parecem muito engraçadas, mas confesso que na hora em que as vivenciei me perguntava? Por que Deus não fez os bebês com manual de instrução? Imagine só que fácil:
Joshua Schulze
Coloque na cama às 20:00 hrs. Acorde-o às 7:00. Necessita dois cochilos por dia, um das 10:00 às 12:00 e outro das 04: 00 às 05:30. Tem uma personalidade perfeccionista, então fica irritado quando não consegue fazer as coisas sozinho. Também é sanguíneo, então precisa de muita interação com os demais membros da família. Em caso de dúvida ou mal funcionamento, ligue 0800 555 5555.
Sabemos que não é bem assim que funciona (embora alguns livros queram nos convencer do contrário). Nossos filhos não são robôs ou maquininhas. Cada um é único e especial. Se você tem mais de um, certamente já reparou que o que funcionava com um já não funciona com outro. Mas por que será assim? Será que Deus quis dificultar as coisas pro nosso lado? Noites mal dormidas, dificuldades de se entender o que a criança quer ou precisa, dúvidas e mais dúvidas.
Acho que Deus fez assim porque ele quer que aprendamos a nos relacionar com nossos filhos, assim como Ele quer se relacionar conosco! E um relacionamento só amadurece, só cresce quando colocamos esforço nele. Toma tempo e esforço aprendermos como cuidar do nosso bebezinho. E de repente, quando achamos que estamos graduadas, eles já não são mais tão bebês e começam novas etapas, com novos desafios e alegrias. E aí vamos nós novamente, dispostas a aprender, a errar, a pedir desculpas e principalmente a continuar. E assim o relacionamento vai crescendo, a amizade aumentando e os laços se fortalecendo.
Então da próxima vez que você pisar na bola ou passar um mico daqueles, lembre do meus e certamente você se sentirá melhor. E não, nossos erros e inseguranças não nos definem como uma péssima mãe, afinal relacionamentos não são feitos somente de acertos.
Tudo é novo para os nossos bebês e também para nós. Quando nasce um bebê, também nasce uma mãe! É uma linda fase de aprendizado e descobertas para ambos e os pequenos tombos desta caminhada não a tornam menos linda! A maternidade pode ser uma terra estranha para nós, afinal quem sabe como cuidar e guiar uma outra pessoa? Mas certamente não é uma terra estranha para aquele que nos formou, e ele nos garante em sua palavra que nos guiará nesta missão. Ele guia com cuidado as mamães e seus filhotinhos!
“Como pastor ele cuida de seu rebanho, com o braço ajunta os cordeiros e os carrega no colo; conduz com cuidado as ovelhas que amamentam seus filhotinhos.” Isaías 40:11.
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