De mãe para mãe: você já ficou chateada alguma vez que foi checar seu face, instagram ou blog? Talvez uma foto da festa de uma amiga que você tem muita consideração e você acabou sabendo que não foi convidada. Ou então uma patada pública que alguém te deu através das redes sociais! Pode ser que você ficou triste ao perceber que seus posts ou textos não estão sendo comentados ou que você tem apenas 500 seguidores. Já aconteceu comigo! Sou um pouco estourada e bem italiana, como diz meu maridão, mas não me considero uma pessoa super sensível ou que fica ofendida facilmente. Mesmo assim, às vezes tenho que lidar com sentimentos negativos que vem da exposição normal acarretada pelo uso das redes sociais. Pode ser um comentário agressivo de um leitor, uma crítica injusta ou até a ansiedade natural de querer saber quantas pessoas leram determinado post novo. Como mulher adulta, processo a situação e depois de alguns minutos estou bem novamente.

Ontem, lendo as notícias, me deparei com a história da blogueira fitness infantil que teve sua conta fechada pelo instagram. Primeiramente quero deixar bem claro que de forma alguma quero condenar esta mãe ou esta criança. Quando uso aqui no blog um exemplo de alguma história pública que virou notícia, faço com o intuito de podermos refletir sobre nossas próprias vidas, famílias e a cultura que estamos vivendo. Tão pouco quero me apegar ao ponto dela estar praticando exercícos adequados ou não, pois creio que o pai dela como profissional da área sabe bem o que está fazendo. Minha pergunta é: será que a alma de uma criança está emocionalmente preparada para lidar com toda a complexidade dos relacionamentos virtuais? As críticas, os comentários positivos e negativos, a exposição exagerada. Será emocionalmente saudável uma criança  ter como objetivo alcançar 2000 seguidores nas redes? Se nós, adultos, somos afetados emocionalmente pelas redes sociais, como será para nossas crianças?

De acordo com a organização Kids Safe Foundation, crianças de pouca idade ainda não são capazes de ver e entender as consequências dos seus atos. Elas podem se expor demais e tornar-se vítimas de outras crianças, adolescentes e até adultos. Ou elas podem acabar expondo outras crianças e a própria família. Essas crianças seriam, de acordo com a organização, incapazes de utilizar a network de uma forma segura e frequentemente o fazem sem supervisão. A criança pode virar uma vítima ou até um predador, fazendo ou sofrendo bullying virtual.

Eu pessoalmente, e especialmente por morar fora do país, creio que redes sociais, quando bem usadas, são uma excelente ferramenta pra aproximar a distância e pessoas. Mas infelizmente nem todo mundo as usa da maneira correta. Será que nossas crianças sabem discernir como agir quando estas redes são usadas de forma incorreta?

Em dezembro deste ano, a adolescente de 16 anos Amber Cornwell cometeu suicidio no estado da Carolina do Norte. De acordo com a mãe, a bonita menina tinha uma vida normal, era excelente aluna mas vinha recebendo mensagens de ódio de outras adolescentes da escola através do face. Aparentemente, ficou desestabilizada emocionalmente e acabou tirando a própria vida.

Claro que são poucas histórias que acabam com um fim tão trágico. Mas será que vale a pena submeter nossos filhos a um mundo virtual tão cedo? As vezes me perco no mundo virtual e o que deveria ser alguns minutos transforma-se em horas, indo de uma história a outra, checando updates e postagens. Quando finalmente caio em mim, o sentimento é de um tempo perdido. Qual seria então o ponto de nossas crianças estarem preocupadas com o número de seguidores no instagram, quantas pessoas comentaram determinado post ou se a amiguinha tal teve uma férias super legal na Disney. De ficar ali, ligada no celular, esperando a próxima postagem, o próximo comentário, enquanto poderiam estar correndo livremente pelo jardim, sentindo o vento bater nos seus rostos, andando descalço pela grama, abraçando, brincando e até aprontando com outras crianças? Querida, linda e talentosa blogueira infantil fitness: brinque, corra com seus amiguinhos. Estude, sonhe e seja feliz. Não se preocupe com quantos seguidores você tem, se eles curtiram ou não sua última foto. Tome banho de chuva, dance até soar, pule na cama e dê risada até a barriga ficar doendo. Cuidado ao expor seu precioso coração à pessoas que escondidas atrás de uma tela são capazes de dizer coisas que ferem. O instagram pode esperar!

“As crianças estão ganhando acesso as mídias sociais cada vez mais cedo, o que pode expo-los a conteúdo, pessoas e situações que estão fora do nível de compreensão deles e sobre as quais eles não estão emocionalmente preparados para lidar.” Dr Richard Woolfson, psicólogo infantil

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