Geração Nutela
- Geração mimimi, geração nutela.
- No meu tempo era diferente. Bastava meu pai olhar pra mim e eu saia tremendo.
- Essa galera é muito fraca. Ficam cheio de frescura, de depressão, de sei lá o que…
É assim que muitos retratam nossos filhos e netos. A nova geração. Esses dias, passeava num parque aquático com meus filhos, e na frente da gente, esperando na fila pra descer num dos toboáguas, uma moça jovem. Seus braços estavam cheios de cicatrizes de cortes de faca. Ela não escondia os braços nem as cicatrizes, que eram muitas. Conheço bem aquele tipo de cicatriz. Já conversei com alguns jovens que faziam a mesma coisa. Uns com 12, 13 anos de idade. Jovens que se mutilam, cortam os próprios braços, para esconder a dor da alma. Talvez aqueles braços bem a mostra eram um grito de socorro: por favor, alguém me ajude.
Mas nós o chamamos de nutela, frescos, fracos. Talvez eles sejam tudo isso mesmo!
Mas a resposta que não quer calar é: quem os educou? Quem os criou? Como diz um famoso treinador de basquetball: “Me estressa ouvir adultos dizendo que as crianças mudaram, que já não são como antigamente. As crianças não mudaram. Crianças nascem não sabendo nada, absolutamente nada a respeito do mundo. Nós, como adultos, é quem mudamos. Nós não os ensinamos mais. Nós não acreditamos no potencial deles. Nós queremos fazer a vida deles e a nossa fácil em vez de se envolver na formação de um ser-humano”.
Geração nutela. Geração mimimi. Fracos. Preguiçosos. Mas quem está gerando, ensinando, discipulando e caminhando ao lado dessa geração?
Quem está pegando nas mãos, mostrando e ensinando sobre o mundo, formando o caráter deles?
Historicamente, sempre existiu uma responsabilidade de uma geração transferir conhecimento a próxima geração. E quem tem feito isto? Nós, os pais, a igreja, os professores? Ou estamos tão ocupados ou preguiçosos que delegamos essa tarefa a MTV, Lady Gaga, ou alguma celebridade do youtube ou instagram?
Rir, criticar, humilhar uma geração pelo que ela se tornou é tão ridículo quanto um escritor fazer uma resenha negativa de seu próprio livro.
E se, em vez de chamarmo-os de nutela, de mimimi, de fracos, nos oferecermos para caminhar ao lado deles? E se, ao invés de duvidar, criticar, apontar o dedo, estendermos a mão, discipular, treinar, encorajar, ensinar?
Há um grito dentro da alma da geração nutela por propósito, por encontrar seu lugar, por ser útil. Mas nós estamos muito ocupados postando memes no facebook para parar o que estamos fazendo e investir na vida deles! Chamá-los de nutela é muito mais cômodo!
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