Meu filho chegou em casa da escola me perguntando:

“mamãe, você sabe o que significa a palavra s – e – x?, soletrou ele!

Antes que eu respondesse, ele se adiantou: s – e -x significa sex. Você sabe o que é sex, mamãe?

Eu respondi que sabia o que era e perguntei a ele: “e você, sabe o que é?”. Ele me respondeu que era quando duas pessoas que são casadas podem ver as partes privadas um do outro e saiu correndo brincar com seu irmão que jogava bola, se desligando do assunto.

E enquanto os três brincavam eu fiquei meio em choque pensando que meus filhos estão crescendo. Até agora, tudo que tinha experimentado é a fase da primeira infância. Aquela fase da preocupação com fraldas sujas, dedo na tomada e noites sem dormir. Até agora minha preocupação era com carros na hora de atravessar a rua e de ser juíza na hora de decidir quem vai usar o copo azul na hora da janta.

E naquele momento caiu minha ficha de que não vai ser pra sempre assim. Que meus filhos estão crescendo e que embora algumas coisas fiquem mais fáceis outras vão começar a ficar mais difíceis. Que cada dia mais meus filhos vão estar cercados por todo tipo de informação. Que vão conviver com amigos que não conheço na escola ou na aulinha de futebol e que embora seja minha obrigação protegê-los não posso controlar e filtrar tudo o que vai chegar até eles.

Passei os sete últimos anos tão ocupada cuidando da comida, das roupas, me divertindo com eles e me assegurando de que todos estariam vivos no fim do dia que nem vi o tempo passar e não me preocupei ou planejei como seria a próxima fase, que chegou.

Mas depois daquele dia que meu filho chegou da escolinha me perguntando sobre a palavra sexo, fui conversar com meu marido e juntos decidimos algo:

Decidimos que não vamos ficar sentados num sofá torcendo pra que nossos filhos façam boas escolhas e decisões ou que eles sejam invisíveis pras coisas que estão acontecendo lá fora.

Fala-se tanto em empoderamento materno mas quem sabe deveríamos falar mais em empoderamento infantil.

Em empoderar, ou seja, dar poder para que nossos filhos façam decisões conscientes, baseadas em informações verdadeiras e seguras vindas de fontes confiáveis. Por isso nós decidimos que nós não vamos fugir das conversas difíceis nem de responder os questionamentos que nossos filhos venham a ter, seja sobre sexo, sobre drogas, sobre Deus, medos e religião.

Sabemos sim que muitas dessas conversas podem ser um  pouco desconfortáveis, mas como nos dar ao luxo de não informá-los? Como deixar que os conceitos errados dos amigos, da mídia e da cultura sejam a base para eles tomarem suas decisões? Porque inevitavelmente eles vão crescer e tomarão suas próprias decisões.

Gastamos tanto tempo com a lição de matemática ou os fazendo decorar os nomes de cada país e suas capitais mas ficamos amedrontados para ensinar outras lições importantíssimas.

Precisamos empoderar nossos filhos. Precisamos ensinar a eles sobre relacionamento sexual, sobre drogas e os efeitos destruidores desta, sobre álcool e cigarros. Sobre namoro e sobre como enfrentar o bullying. Sobre como dizer “não” para um amigo mesmo que isto lhe custe ser ridicularizado.

E é exatamente por isso que fomos atrás e compramos materiais apropriados pra idade dele que ensinam a verdade sobre relacionamentos e sobre sexo. E juntos podemos sentar e ler e conversar.

E como diz uma nota especial para os pais que está na primeira página do livro: (que é sobre educação sexual mas que pose se aplicar a todas as áreas)

“Estudos mostram que quando as crianças recebem uma educação sexual de valores em casa, é menos provável que eles se envolvam em comportamentos promíscuos e é mais provável que tenham uma visão saudável do seu próprio corpo e relacionamentos. Com a mídia apresentando tópicos sexuais numa idade tão precoce, não há melhor contramedida do que apresentarmos estes valores em casa pros nossos filhos. Um dos maiores benefícios de começar a educação sexual em casa com nossos filhos ainda crianças é estabelecer uma confiança saudável entre pais e filhos, demonstrando que você está disposto a responder perguntas e dúvidas e que eles podem sempre vir até você para mais diálogo.  Se a informação não vier de nós, os pais, nossos filhos vão aprende-la da internet ou de outras fontes nada seguras.”

E é por isso que conversamos sobre o que é sexo.  E é por isso que também expliquei pro meu filho o mal que o cigarro faz para os pulmões quando ele me perguntou o que era aquele negócio branco que as pessoas colocam na boca e faz fumaça. E quando ele me perguntou por que algumas pessoas que são nossos amigos e amamos fazem isso, lhe disse exatamente isto: que estas pessoas não sabiam de todo o mal que o cigarro faz e por isso resolveram experimentar.

Também conversamos sobre finanças e como demorou anos de sacrifícios pro papai e mamãe se recuperarem de más decisões e é por isso que os ensinamos a gastar mas também a guardar. Conversamos sobre alimentação e obesidade e que a mamãe não está sendo má quando não deixa eles comerem doces o dia todo. Porque o conhecimento traz o poder de escolhas conscientes. 

Sabe, nossos filhos vão crescer e vão começar a tomar suas próprias decisões, seja sobre relacionamentos, alimentação, drogas ou finanças. Certas decisões podem trazer consequências seríssimas. É nosso papel como pais estabelecer um canal de diálogo saudável. É fundamental que eles saibam que sempre podem se achegar a nós pra fazer as perguntas difíceis. Empoderar nossos filhos com informação séria, com sabedoria e discernimento é um dos nossos papéis principais como pais e não precisamos esperar até a adolescência pra começar. Até porque se este canal não for estabelecido desde a infância, a timidez será muito mais difícil de vencer nos anos adiante.

Empoderá-los pra que na hora que eles tomem suas decisões, as tomem de forma consciente e equilibrada. Certamente ainda assim eles cometerão erros, como nós os cometemos. E quando isso acontecer, que eles possam saber que ainda assim, estamos ali, dispostos a conversar e amar!

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” João 8:32

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