Pouco antes de toda esta loucura com o corona vírus começar, estávamos reformando uma casa que iríamos vender. Fui à uma loja de materiais de construção com meus filhos para comprar uma luz de parede para o banheiro, essas que ficam acima do espelho. Olhei por muitos minutos, fiquei pensando alto até que escolhi uma, coloquei no carrinho, depois de andar um pouquinho em direção caixa, voltei ao lugar das luzes para trocar, pois não conseguia me decidir. Estava frustrada diante de todas opções. Nào queria “errar”. 

 Então pedi a opinião a um dos meus filhos: “Filho, qual das luzes você acha que eu devo pegar?” 

Ele respondeu, sem exitar “aquela ali”. 

Eu, ainda não satisfeita, insisti “mas por que você escolheu esta e não a outra?”, perguntei.

Meu filho respondeu “Você perguntou e eu escolhi uma, mas na verdade tanto faz. É apenas uma luz de banheiro”.

Meu filho de 11 anos certamente falou sua resposta sem pensar. Ele não queria me dar uma indireta. Ele respondeu na simplicidade de uma criança.  Mas o que ele disse ressoou no meu coração e fiquei ruminando aquela frase “é apenas uma luz de banheiro”.

Ele poderia ter dito que era apenas uma luz. Seria o suficiente para eu perceber que eu estava sofrendo por algo pequeno. Mas ele foi além: “é apenas uma luz de banheiro”. Banheiro, o lugar que usamos para fazer nossas necessidades.

Deus estava falando através do meu filho. Sabe, antes da crise mundial  acontecer eu andava com meu coração pesado. Lá no fundo, sabia que andava preocupada demais, ocupada demais, estressada demais com coisas que não tem real importância.

Mas tantas vezes é difícil quebrar o ciclo. Eu sabia que precisava reavaliar. Eu sabia que precisava reorganizar minhas prioridades. Eu sabia que estava valorizando demais coisas que  não tem tanta importância. Tudo bem eu gostar de um banheiro bonito. Tudo bem alguém se importar com a marca da bolsa. As atividades escolares são importantes. Mas o que tem mais valor? Cuidar do coração da criança ou cumprir o calendário. Será que o meio não virou o fim? Será que o detalhe não virou o principal?

Poucos dias depois desta ida a loja para comprar a luz, o mundo praticamente parou.

Tudo aquilo que consideramos imprescindível, imutável, inabalável, se mostrou frágil. Quem imaginou que as companhias áreas iriam praticamente parar? Quem imaginava que o ano letivo iria ser suspenso? Quem imaginava que os governantes mais poderosos do mundo iriam ficar paralisados, sem saber o que fazer?

A crise do coronavírus tem sido algo terrível. Mas a vida é essa professora sábia que nos momentos difíceis nos leva a repensar, reavaliar, analisar.

Que ao final disso tudo, eu possa me lembrar que tantas coisas que me faziam infeliz, irritada, desanimada e preocupada são apenas “luz de banheiro”.  Que tantas vezes, sacrifiquei os que amo, perdia a paz por causa de “luz de banheiro”.

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