Um dia, voltando de um retiro de crianças e pré-adolescentes que organizei, uma mãe me para e me diz: ” retiro de crianças dever ser uma delícia, afinal que problemas criança tem? O máximo que elas podem reclamar é da mãe que não deixa comer doce.” Na correria de entregar as crianças para seus pais, não tive oportunidade de responder aquela querida mamãe, mas se tivesse tido, diria a ela que meu sonho era que ela estivesse certa. Meu desejo era que crianças não tivessem problemas nenhum, crianças não tivessem preocupações e nem tristezas. Como eu adoraria viver em um mundo que, pelo menos as crianças, fossem poupadas de dor e decepção. Como eu desejo que ela estivesse certa…

Mas teria que dizer a ela que,  infelizmente, a realidade é bem diferente do que ela imagina. Trabalhando há mais de 17 anos com Ministério Infantil e de Pré-adolescentes e dando aula em escolas, o que tenho visto e ouvido das crianças é muito mais sério do que uma reclamação por causa de doce ou por ter que fazer lição de casa.

Semana passado, por exemplo, uma pessoa me contactou pedindo oração pelo filho  de uma amiga de apenas 10 anos. O menino havia tentado suicídio e estava internado numa clínica psiquiátrica. Os pais desesperados.

Também lembro da minha vizinha Olivia, que aos 8 ou 9 anos de idade foi internada com anorexia.

Das incontáveis conversas que tive com crianças e adolescentes que sofrem de depressão, ou sentem-se culpados por algo que aconteceu.  Que sofrem pelo divórcio dos pais; que odeiam a si mesmos pois se comparam com os padrões inalcançáveis dos famosos. Que andam ansiosos com o futuro; que por fora são felizes mas que colocam pra dentro centenas de dúvidas e inseguranças.

Eu adoraria viver num mundo onde criança não sofressem. Mas a verdade é que elas sofrem! Doenças no corpo. Dúvidas e questionamentos na mente. Dores e tristezas na alma. Crianças são continuamente atacadas e tentadas. O inimigo das nossas almas joga sujo e ele não tem intenção nenhuma de poupar as crianças. Ele quer matar, roubar e destruir. Nossas crianças são atacadas. Elas tem dúvidas sobre identidade, sobre quem são e qual é seu propósito. Elas sentem-se rejeitadas ou veem a si mesmo como um peso. Elas tem inseguranças e medos. 

E por que estou escrevendo isto? Pra colocar medo? Pra exaltar os problemas deste mundo moderno? De jeito nenhum! Escrevo isso porque creio que não podemos ser ingênuos com relação as batalhas que nossos filhos enfrentam cada dia. O inimigo veio para roubar e matar e destruir. Mas Jesus veio para que tenhamos vida e a tenhamos em abundância. (João 10:10).  Não podemos fechar os olhos e fingir que esta batalha não existe. Tão pouco podemos viver escravas do medo. Temos que, pela fé, revestirmos-nos de coragem e entrar na brecha pela vida deles: com oração e intercessão. E também nos fazendo presentes no dia a dia, caminhando ao lado deles e equipando-os para que eles possam, através da Palavra, vencer a batalaha. 

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