Crianças Consumistas
Pouco tempo atrás vi uma cena patética: uma mãe gastou em torno de 50 mil dólares pra fazer uma festa de 5 anos para uma criança. No meio da festona, o menino deu o maior piti porque o bolo, em formato de dragão, cuspiu só um pouco de fogo e não a quantidade que ele esperava (assisti em um show do canal TLC). Fiquei pensando: será que esta criança precisava mesmo de uma festa de $50.000; será que essa criança tem alguma noção do valor das coisas?
Outro dia ouvi a conversa de um pai com outro pai: meu filho (3 anos) não usa estas camisetas que tem um desenho na frente; ele só gosta das de letrinhas, porque sabe que é de marca.
Ainda esses dias meu filho me disse: mãe, a gente precisa (detalhe: precisa) comprar um copo que passou na propaganda. Embaixo vai a bebida e em cima o snack (lanchinho) e na propaganda falava que o copo acaba com a sujeira no carro.
Sinceramente, será que nossas criancas precisam saber a diferença de uma roupa de marca ou do walmart com 3, 4 anos de idade? Será que eles precisam de i-phone aos 8? Crianças de primeira e segunda série indo pra escola com mochilinhas de uma marca caríssima, que custam mais de 2 mil reais, faz sentido? Sabia que nos Estados Unidos as companhias gastam $ 17 bilhoes por ano em comerciais voltados para crianças?
Aí voce me diz: E qual o problema? E eu te respondo:
A criança passa a acreditar que o valor das pessoas está no que elas tem e não no que elas são: se enfatizamos constantemente a aquisição de coisas, a criança vai crescer com a idéia de que é mais importante ter algo do que ser alguém. Ensine seu filho o valor que ele tem como ser humano. Ensine quão importante é o caracter de um homem ou mulher. Mostre a ele quão grandes benefícios ele pode trazer à sociedade e a vida de outras pessoas quando ele usar os dons e talentos que tem para servir aos outros. E o que ele venha a adquirir materialmente será uma consequência disto, e não o foco principal.
O consumismo nos leva a acreditar que ter mais e mais é o que nos vai fazer feliz: Claro que é bom ter dinheiro pra comprar uma coisa nova e bacana, mas nossos filhos (e tambem nós) precisamos saber que a felicidade deles não pode estar relacionada a ter, ter e ter. Eu sei que é cliché dizer isto, mas as melhores coisas da vida não custam. Uma boa amizade, um casamento sadio, a beleza da natureza, trocar o video game por uma tarde no parque!
Crianças mal agradecidas: Se você comeca a ler estudos psicológicos, vai descobrir que a maioria deles diz que uma das chaves para uma pessoa ser feliz é aprender a ser agradecida. Bem, isso não é novidade para quem conhece um pouco da Biblia. Existem vários e vários versículos que dizem “e sede agradecidos” – Colossensses 3:5, por exemplo. Precisamos ensinar nossos filhos a serem agradecidos, a serem contentes com o que eles tem! Esta não é uma lição facil, pois nós mesmas temos tanta dificuldade de simplesmente estarmos felizes na situação em que nos encontramos. Estamos sempre querendo mais e mais. Isto não significa que devemos ensinar nossos filhos a serem acomodados, pelo contrário. Mas devemos ensiná-los a prosseguir com um coração sempre agradecido.
As emoções das crianças são duramente machucadas: uma pesquisa* mostrou os resultados que o excesso de propagandas gera sobre a criança. Segundo os resultados, o consumismo gera uma “cultura do que é maneiro” (cool culture) na qual as crianças são pressionadas a usar certas marcas e ter certa aparência pra se sentirem parte do grupo. Como resultado, os pais são forçados a gastar quantidades enormes de dinheiro para adquirir certos brinquedos e roupas. A pesquisa também mostrou que meninos estão comecando a usar esteróides anabólicos na faixa dos 14 anos de idade. O número de casos de bulimia e anorexia é grande entre crianças. Existe uma pressão enorme para pré-adolecentes se vestirem de forma sexy; e 70 % das crianças entrevistadas disseram que se sentem muito pressionados a serem perfeitas e terem os ultimos lançamentos; além de serem vítimas do bullying por não se encaixarem na sociedade!
Adultos irresponsáveis: Nossos pais e avós viveram em uma geração que era necessário trabalhar duro e juntar o dinheiro por meses para comprar algo. Nós vivemos na era do dinheiro de plástico. Basta ter um cartão de crédito para adquirir bens que muitas vezes nem precisamos e nem podemos ter e vivermos de aparências. Temos um grande desafio que é ensinar nossos filhos a serem financeiramente responsáveis, pra que no futuro não vivam de dívida em dívida. Uma das formas de ensiná-los sobre fincanças é dizer “não” para alguns dos pedidos deles; fazê-los esperar por um tempo para receber algo que querem; e por que não ensiná-los a trabalhar (ajudar nas tarefas de casa, cortar a grama da vizinha, ajudar a cuidar do bichinho de estimação) pelo que querem.
Não é fácil lutar contra a maré! Vivemos em uma sociedade consumista, e nossos filhos são vítimas deste exagero desde cedo! Mas tão pouco creio que é impossivel ensinar nossos filhos a valorizarem o que realmente é importante. Tive oportunidade de conviver com algumas famílias que mesmo tendo um poder aquisitivo grande criaram seus filhos de uma forma modesta e sem exageros, valorizando as coisas que nenhum dinheiro no mundo pode comprar! E espero poder fazer isso pelos meus filhos também!
“A comercialização da infância está ligada a uma série de problemas de saúde pública e sociais para as crianças ….. obesidade infantil, erotização, dificuldade de linguagem, deficit de atenção, a diminuição de brincadeiras criativas, para citar apenas algumas”. Susan Linn, psicologa e professora de medicina na Harvard University
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* The National Union of Teachers Study – Estudo realizado com crianças britânicas pela União Nacional dos Professores.