Como Preparar os Filhos para a Rejeição que Inevitavelmente irá Acontecer
Como mães, uma das coisas que mais desejamos é proteger nossos filhos de dores e rejeição. Dói ver eles sofrendo, sendo rejeitados ou não apreciados. Dói quando as pessoas são injustas com eles ou não reconhecem a pessoa maravilhosa que eles são.
Esses dias, fui levar meus filhos fazer a inscrição para aula de música, e uma senhora estava por lá dando informação aos pais. Ela olhou para meu filho maior e disse:
- “Nossa, que olhos lindos, transparentes como a água”. Em seguida olhou para meu pequeno e disse:
- “Olhos azuis maravilhosos” . Então olhou para meu filho do meio, meu lindo e adorável menino, doce e sensível, com lindos olhos marrons que brilham de alegria e disse:
- “Ih, você foi o “sortudo” que acabou com os olhos castanhos.”
Estamos acostumados a ouvir as pessoas falarem: Ah, só um deles que não tem olho claro. E a gente sempre responde que ele tem lindos olhos castanhos como do papai e da mamãe. Mas aquela mulher, naquele dia, não fez um comentário para mim ou meu marido, ela olhou bem nos olhos do meu filho e disse, literalmente: “você ficou encalhado (a palavra stuck), em inglês, com os olhos castanhos. Vi o semblante dele mudar, ele abaixou os olhinhos e deu um sorrisinho sem graça.
Não creio que aquela mulher seja uma pessoa má ou que tenha propositadamente pensado em magoar meu filho. Mas naquele dia mais uma vez fui lembrada de uma verdade: “como mães, não podemos proteger nossos filhos de tudo. Não podemos protegê-los de rejeições, de comentários impensados, ou de pessoas que não vão gostar deles.
Pessoas vão machucá-los. Pessoas vão rejeitá-los. Eles serão deixados de fora de um grupinho na escola. Eles não serão convidados para a festa de um amiguinho da igreja. Eles não serão escolhidos no time de futebol ou receberão o menor papel na apresentação de dança.Tudo o que podemos fazer é prepará-los para estas situações, que acontecem diariamente.
O filho de uma amiga é extremamente baixo para a idade dele, e o irmão mais novo já o passou na altura. Constantemente, ele sofre porque as pessoas acham que o irmão mais novo é o mais velho e ele fica de fora nos eventos esportivos que tanto gosta.
Mas não podemos controlar o mundo todo. Não temos habilidade nem super poderes para mudar todas as circunstâncias e situações. Não podemos poupá-los da rejeição. O que podemos fazer então? Ser verdadeiros e honestos com eles.
Meu outro filho, o mais velho, estava muito irritado um dia e eu não conseguia entender o porque. Passamos alguns dias nos chocando e em atrito. Até que uma noite, na hora que fui dar um beijo de boa noite, ele rompeu em lágrimas e me disse o que estava lhe incomodando tanto: um amigo da família que ele gosta muito tinha dito para ele que gostava mais, que preferia mais o seu irmão do que ele. Ele se sentiu extremamente rejeitado. Esperei que ele se acalmasse e comecei a contar para ele das várias e várias vezes que me senti rejeitada. Contei para ele das vezes que não fui convidada para uma celebração importante de uma amiga que amava muito, das vezes que recebi apelidos que eu odiava, das vezes que fiz entrevistas para um trabalho e recebi um “não” como resposta. “Por que aquela querida amiga não me convidou para sua celebração”, perguntou ele. “Eu não sei”, respondi. Da mesma forma que não sei porque algumas pessoas não gostam de mim ou me julgam. Mas sei que isso é parte da vida, e preciso aprender a conviver com essas situações.
Meu filho ficou um pouco surpreso com minha vulnerabilidade e como eu tinha passado por isto. Ele percebeu que eu me identificava com sua dor. Ele percebeu que a rejeição é parte da vida. Terminei nossa conversa dizendo para ele que esta era apenas a primeira vez que ele se sentia rejeitado. Que infelizmente, muitas outras viriam. Que teriam pessoas que ele gosta e admira que não irão corresponder ao sentimento dele e que não farão questão de ser seu amigo. Que outros amigos vão trocá-los por uma criança nova que chegou na escola. Que algumas pessoas vão criticar o jeito dele falar ou se vestir. Mas que, por outro lado, muitas pessoas vão olhar para ele com carinho e admiração. Que muitos vão torcer pelo sucesso dele. Que ele vai ser muito amado e celebrado. A vida é feita do doce e do amargo, de rejeição e de pessoas que nos amam. Não podemos estar despreparados para esta realidade, nem tão pouco nossos filhos!
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