Quando li este post da Jami Amerine me senti desafiada e fora da minha zona de conforto, mas achei uma reflexão muito válida. 

Meus filhos, amos cada um de vocês…

Vocês são engraçados. E talentosos. Mas enquanto sento nesse recital de dança para assistir minha pequena menina se apresentar e seguro em meu colo um bebê que estou cuidando durante o fim de semana, começo a refletir na forma como temos criado nossos filhos.

Na fila na minha frente, uma família pegou fita adesiva cor de rosa e guardou 22 cadeiras. Quando participei da reunião informativa sobre este recital, fomos avisados especificamente de que não era permitido reservar cadeiras. Eles contaram com a Titiazinha, Vozinho, Tia Laurinha, Tia Betinha, Carlos Nenem, Paizao, Maninho, Titio Mike, Geraldinho e aí vai.  É um pouco vergonhoso… as duas mulheres marcando as cadeiras parecem ignorar todo mundo ao seu redor e esquecer que as regras são para todos. Meus filhos, por favor, sempre sigam as regras.  Vocês não estão acima delas.  Respeitem as outras pessoas.

Titio Mike, com sua camiseta personalizada igual de toda a família,  acaba de entrar no auditório com um buque de balões enorme. Eu estou morrendo de curiosidade de ver a apresentação dessa menininha lindinha de jardim de infância – se eu conseguir ver de tras de todos os balões, e do equipamento de foto e video que eles estão montando agora.

A menininha chega com sua titia  e duas malas cheias de maquiagem pra que alguém possa fazer a maquiagem dela.  A tia  traz comida do McDonald’s pra todos da família. Não consigo deixar de lembrar da enorme placa que tinha do lado de fora do teatro que dizia “PROIBIDO COMIDAS E BEBIDAS DENTRO DO TEATRO”. Por isso repito – sigam sempre as regras. Sim, elas valem pra todos e nossa família não está acima do bem e do mal. 

Enquanto reparo no exagero percebo que esta é uma lição para mim e para vocês, meus filhos. Minhas amadas crianças americanizadas, vocês não estão acima das regras e vocês não são o centro do mundo. E eu não acho que é um problema o fato de vocês não serem sempre as crianças de destaque de uma apresentação de teatro, dança ou jogo esportivo. 

E por mais que me doa dizer isso – sintam-se as vezes os menores. Não deem grande estima para si mesmos. Sintam solidão. Sintam-se indignos. Sintam-se não realizados e frustrados as vezes. Sintam-se pequenos. Sintam-se perdidos. Sintam-se quebrantados.

Sintam-se os menores.

Porque se vocês se sentirem sempre os maiores, os melhores de todos, seu pai e eu teremos falhado miseravelmente. Em meio aos quebrantados, vocês encontrarão a Cristo. Minha oração para vocês é que vocês O vejam em todo lugar. As coisas irão somente de mal a pior se nós como sociedade continuarmos tratando o egoísmo como  se fosse algo poderoso. Se você nunca se sentir desconfortável, cansado, quebrantado ou decepcionado, como você vai se identificar com os desolados, com os que sofrem? E se você nunca se sentir decepcionado, impotente, como você vai reconhecer o quanto necessita de um Salvador?

Vou continuar colocando fotos de vocês no Facebook e ficar me gabando de vocês. Eu vou continuar cortando a casca do pão de seus sanduiches, e fazendo vitaminas deliciosas para vocês tomarem. É a minha natureza de mamãe amar vocês, cuidar de vocês, me orgulhar de vocês.  Mas eu oro pra que isso nunca faça vocês sentirem que valem mais do que as pessoas ao seu redor, que são melhores que os outros, que as regras não se aplicam a vocês. Minha oração é para que vocês vivam para servir, não para serem servidos. E mesmo que eu não goste de ver como vocês vão aprender isso, pois uma mãe nunca quer ver seus filhos aprendendo lições doloridas, é necessário porque o mundo não gira ao redor de vocês.

Ah, e mais importante que tudo, oro para que vocês sejam sábios o suficiente para reconhecer os quebrantados em meio aos mais bem estimados. Nós, pais orgulhosos e cheios de boas intenções, temos criado filhos insensíveis, dentro de uma bolha. Você tem que se comover com  a tragédia dos pobres e sofridos; do bebê que nunca vai ter um retrato tirado em um recital ou se quer uma mãe para segurá-lo no colo, você tem que estar sensível para as dores dos outros. E estas coisas doem na gente e são tristes. Mas é mais triste viver uma vida toda achando que o mundo gira ao nosso redor, sem se preocupar com as dores dos outros.

Lembre-se: Os últimos serão os primeiros – e os primeiros serão os últimos.

E tudo isso é para dizer… Sofia,  mamãe não trouxe um buque de flores pra depois da sua apresentação mas você  foi muito bem no recital. Não desista da escola pra buscar uma carreira como dançarina, minha bebê amada. Eu não estava mentindo pra nenhum de vocês quando disse que eu tinha orgulho de sua nota 6 na escola. Se você tentou – e se você se esforçou  e essa acabou sendo a sua nota – bravo! Trabalhem duro, estejam dispostos a sujar as mãos, dividam o seu lanche ou seu último real, sentem-se com os que são deixados de lado, combatam a injustica, sigam as regras, permaneçam firmes no meio das dificuldades… vocês estão indo muito bem…

Com amor, mamãe.”

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“Jesus os chamou e disse: “Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas.

Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo,

e quem quiser ser o primeiro deverá ser o último;

como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”

Mateus 20:25-28

O texto original em inglês foi publicado aqui: an-open-letter-to-my-children-youre-not-that-great pela autora Jami Amerine e foi traduzido e publicado pelo blog Mamãe Real com autorização da autora.