A melhor arma contra o bullying está em casa!
Uma linda menina está super animada esperando pelo dia que irá sair com suas amiguinhas. É aniversário de uma delas, e elas vão junto à pizzaria e depois ao cinema assistir a um filme. Quer coisa mais gostosa pra uma pré-adolescente do que poder passar uma tarde gostosa com sua amigas, rindo e falando coisas de meninas?
Mas quando ela volta do passeio chorando, sua mãe fica preocupada. O que era pra ser uma experiência positiva e alegre, transformou-se em um dia de tristeza e humilhação!
Conversando com a mãe, a menina explicou: toda a expectativa dela com relação ao passeio com as amigas foi por água a baixo quando as meninas se uniram para falar mal dela, chamá-la de apelidos inconvenientes e ameaçá-la dizendo que iriam espalhar os “novos apelidos” pra escola inteira. Com razão, ela estava super chateada. A mãe, que é uma leitora do blog, me escreveu uma mensagem contando o que aconteceu e sugeriu que eu escrevesse um texto sobre o assunto.
A sugestão e circunstância que a filha dela passou veio de encontro a um desejo que já tinha de escrever sobre o assunto. O bullying virou pauta de muitos livros, matérias e programas. Na escola do meu filho, por exemplo, eles tem uma semana inteira dedicada a prevenção do bullying. No entanto, com toda a repercussão na mídia, parece que mesmo assim, cada vez ouvimos mais casos de crianças depressivas ou até que tiram a própria vida por causa do bullying.
Estou lendo um livro muito interessante (Pais Ocupados, Filhos Distantes – Como tornar o relacionamento entre Pais e Filhos mais decisivo que o relacionamento com os colegas), sobre criação de filhos, e o autor tem um ponto de vista que me chamou atenção. Ele diz que, apesar de todas estas campanhas de conscientização serem boas, elas nunca irão acabar totalmente com o bullying. Mais cedo ou mais tarde, nossos filhos serão expostos a circunstâncias onde outras crianças farão piadas ou os ridicularizarão. Na opinião dele, o melhor antidoto contra o bullying seria então, laços familiares fortes.
Crianças que não tem laços familiares fortes são mais dependentes da opinião dos amigos e colegas e não sabem reagir quando enfrentam o bullying. De acordo com todas as pesquisas médicas e psicológicas dos autores, os doutores renomados internacionalmente Gabor Mate e Gordon Neufeld, a melhor forma dos nossos filhos estarem preparados pra enfrentar o bullying é quando o relacionamento entre pais e filho for mais forte do que o relacionamento entre colegas. Enquanto nossos filhos buscarem nos colegas a necessidade de afirmação, direção, valores e carinho, eles continuarão suscetíveis à imaturidade emocional, pois somente adultos maduros podem guiá-los com segurança.
Voltando ao exemplo da leitora: sua filha ficou sim chateada com o que aconteceu. Mas qual foi a reação dela? Contar para a mãe o que tinha acontecido. Isto mostra que ela se sente segura no relacionamento que tem com a mãe e que os pais são sua maior referência. A opinião dos pais é mais importante e decisiva do que a das colegas. A identidade dela, quem ela é como pessoa, não é definida pelo que as amigas disseram, mas foi formada dentro de casa, no relacionamento com os pais.
De acordo com o autor, somente uma criança que se sente segura dos laços familiares seria capaz de reagir assim. Primeiro porque pra expor o coração e sua ferida aos pais, ela precisa sentir que está em um ambiente seguro emocionalmente falando e também há necessidade de que os laços familiares sejam fortes
A segunda reação da menina foi dizer às suas amigas que não tinha gostado do que aconteceu. No livro, o especialista em educação infantil diz que um dos maiores problemas do bullying é que a criança que o sofre, muitas vezes se submete porque tem medo de perder a amizade daquele que o está machucando. Para a criança, ser aceita pelo grupo é tão importante que ela prefere sofrer calada em vez de correr o risco de não ser aceita. E isso, obviamente, não é saudável. Por outro lado, quando uma criança vê seus pais como a figura mais importante na sua vida ela não se submeterá à agressão de palavras ou até fisica pra ser aceita pelos colegas. Isso não significa que a criança não ficará chateada se for alvo de bullying, mas que os efeitos psicológicos e emocionais serão diferentes do que aqueles em uma criança que lança todo seu desejo de ser amada e aceita nas amizades. E este foi o caso da filha da leitora: ela deixou claro que não se sentiu confortável com a brincadeira. Ela não se submeteu ao jogo das meninas que faziam o bullying apenas por medo de não ser aceita naquele grupo. Ela falou como se sentiu e deixou claro que não gostou da brincadeira.
A solução para o bullying, e o sexo precoce, o envolvimento com drogas, a rebelião, o envolvimento com gangs e tantos outros problemas que tem atingido nossos filhos cada vez mais cedo estaria então não apenas em campanhas de prevenção, sejam essas do governo ou escola. A solução está na base familiar. Está na ligação profunda entre pais e filhos sendo reestabelecida. Toda criança nasce com necessidade desta ligação. Se esta não for suprida na família, no ambiente do lar, a criança buscará em outras fontes. A solução está em voltar às origens, onde conhecimento, valores e identidade eram transmitidos de pais para filhos e não de colega para colega. Não existe nenhum problema em nossos filhos terem amigos, o problema está neles serem mais importantes e influentes na vida dos nossos filhos do que nós mesmos, os pais.
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Sugiro a todos os papais e mamães a leitura crítica deste livro citado no texto. Não se trata de um livro fácil, mas as observações médicas, psicológicas e sociais do desenvolvimento da criança e como a cultura atual tem afetado este desenvolvimento são interessantíssimos.
http://www.buscape.com.br/pais-ocupados-filhos-distantes-gabor-mate-gordon-neufeld-8506048052.html#precos
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