30 minutos por dia com meus filhos são suficientes?
Trinta minutos por dia, isto te parece pouco ou muito? Pois este é o tempo que os pais passam com seus filhos, de acordo com uma pesquisa realizada na Europa (infelizmente não achei resultado de pesquisas semelhantes no Brasil) . A pesquisa foi feita com 2000 pais, de crianças entre 3 e 18 anos, e 42 por cento dos pais disseram que não se sentem bons pais, pois não conseguem se desligar das atividades quando chegam em casa e tem apenas 30 minutos para os filhos depois do trabalho. A maioria do tempo vai para responder email, cozinhar e limpar*. Estes dias estava ouvindo sobre uma escolinha de classe média alta do Brasil, que tem como chamariz o fato de que ao final do dia, quando você for buscar seu filho, ele já estará pronto pra dormir, pois até o banho já foi dado na escolinha. Aí eu me pergunto? Será que estamos nos esforçando para dar um tempo decente aos nossos filhos ou eles tem ficado só com as migalhas?
Antes de continuar, deixe me clarificar algo: eu tiro o chapéu para todas as mães que por uma circunstância difícil da vida às vezes precisam trabalhar 2, 3 empregos para poder sustentar os seus filhos e muitas vezes, quando chegam em casa, seus filhos já estão dormindo. Por outro lado, será que esta é a verdadeira realidade dos pais europeus que foram entrevistados nesta pesquisa? Ou dos pais que levam seus filhos em uma escolinha caríssima e vão buscá-los só a noite? Ou será que, com alguns ajustes e mudanças, teriamos condições de dedicar mais tempo aos nossos filhos?
Então você pode me perguntar: Qual a quantidade de tempo que você sugere que eu passe com meu filho? E eu te respondo: Só você sabe, pois somente você conhece a verdadeira situação da sua família, as necessidades dos seus filhos e quais são as motivações do seu coração. Mas creio que posso te fazer três perguntas que podem te ajudar a refletir sobre o assunto.
1) O tempo que você tem passado com seu filho tem sido suficiente para ensiná-lo os princípios que você acredita, sua visão da vida, de Deus, de relacionamentos e caráter?
Tem um versículo na Bíblia que diz assim: “Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar”. Deuteronômio 6:7. Este versículo não deixa claro quantas horas do dia devemos passar com nossos filhos, mas diz que precisamos ensiná-los com persistência, e pela minha experiência, isto leva tempo. Também diz que devemos conversar com nossos filhos quando estivermos em casa (fazer pelo menos uma refeição sentado juntos já é um bom começo) , no caminho (que tal desligar o rádio ou ipad e bater um papo no carro?), ao amanhecer e também na hora de dormir! O ponto é que se não estamos conseguindo educar nossos filhos, se esta responsabilidade tem sido transferida à escolinha, à babá ou aos avós, é hora de fazer um balanço.
2) Qual a qualidade do tempo que você passa com seu filho?
Bem, além de considerarmos a quantidade, temos que ver a qualidade deste tempo, e deixe-me dizer algo: quanto menos tempo você passa com seu filho mais importante é a qualidade deste tempo. Isto não quer dizer que devemos valorizar só a qualidade ou só a quantidade. Mas tomemos por exemplo uma mãe que fica a maior parte do tempo com os filhos. Pode ser que no final do dia, depois de brincar, conversar e ajudá-los na lição de casa, ela deixe as crianças assistindo tv por um tempo e vá trabalhar no computador. Por outro lado se esta mesma mãe passou o dia longe dos filhos, aí quando ela chega em casa faz a mesma coisa – vai para o computador – com a única hora do dia que teria com eles – isso já é uma situação diferente, pois provavelmente seus filhos estão na expectativa de que aquele tempo será dedicado a eles. Quando separamos um tempo para passar com nossos filhos, temos que ter cuidado ao escolher a atividade que vamos fazer. Alguns tipos de diálogos, com perguntas francas, abrem o canal de comunicação, enquanto outros o fecham. Por exemplo: “Você se divertiu hoje, filho?” A resposta, “sim” . Já a pergunta: “Como você se divertiu hoje na escola filho?”, abre o diálogo. “Eu brinquei no parquinho com o João e nós fomos na balança, ele me empurrou bem alto e eu fiquei com um pouco de medo”. Percebeu a diferença? Mesma coisa o tipo de entretenimento que escolhemos: ir ao cinema de vez em quando pode ser legal, mas enquanto assistimos um filme não podemos conversar, dialogar e conectar. Já ir nadar na piscina ou andar de bicicleta envolve interação e conversa. Veja meu artigo 11 Maneiras Simples pra Aproveitar Melhor o seu Tempo para dicas bem práticas de coisas que faço pra fazer o tempo render aqui em casa!
3) Quais são suas prioridades atuais?
A verdade é que todas nós temos compromissos, coisas que amamos fazer, hobbies e coisas que são importantes. Eu mesma tenho uma lista enorme de coisas legais que gosto de fazer. Mas a questão é que muitas vezes, mesmo coisas que são boas e agradáveis, terão que ficar em segundo plano por um tempo para que possamos focar no que é prioridade naquele momento. Minha lista de coisas que gosto seria: trabalho, estudos, filhos, marido, amigos, igreja, ministério, exercícios, limpar a casa, passeios, viagens etc… Todas essas coisas são legais, mas imagina você tentar fazer todas elas dedicando o mesmo tempo e atenção a cada uma. A não ser que seu dia tenha 48 horas, acho que vai ficar difícil. Eu, por exemplo, adoraria voltar a estudar e fazer uma pós graduaçao, mas sei que agora ficaria impossível para mim, pelas circunstâncias em que vivemos. Já sua realidade pode ser outra, e pra você até possa ser possível estudar, mas você não teria condições talvez de ter um blog, algo que pra mim é possível, pois faço de casa enquanto meus filhos descansam . Imagina só: sai cedinho pra trabalhar, às 5 sai do trabalho, vai direto pra academia, da academia pra aula ou alguma reunião ministerial, passa no supermercado e chega 8:30 em casa. E isto começa a virar uma rotina diária! E nossos filhos, ficam apenas com as sobras? Uma pergunta que sempre gosto de fazer quando falo em prioridades é: o que é mais importante neste momento? Tem coisas que são importantes mas que poderão ser adiadas. Outras, no entanto, não podem ser deixadas para depois. Nossos filhos e casamento são um exemplo de algo que exige cuidado agora: daqui há 10 anos meu filho não vai ser mais uma criança cheia de perguntas para me fazer, curiosidades e necessidade de carinho. Ele sempre será meu filho, mas com 16 anos muito das opiniões dele já estarão formadas e o trabalho de base que estou tentando fazer já estará praticamente finalizado, então o momento que tenho para dedicar para eles é agora!
“Nós precisamos determinar quais atividades melhor utilizam nosso tempo para que consigamos alcançar o resultado que desejamos em todas as áreas da nossa vida.” Catherine Pulsifer
* a pesquisa foi realizada pela empresa de pesquisas OnePool, dirigida pela psicóloga Dr Claire Halsey.