Relato do Parto do Gabriel, feito nos Estados Unidos

Dezembro 29, 2015 at 11:34 pm

Oi meninas!!! Hoje a Jauana conta pra gente a experiência fantástica do parto dela! A Jauana é uma amiga querida aqui dos EUA. Acompanhei a gravidez dela (um pouco em pessoa, um pouco pelo face) e vi como ela  curtiu e se preparou pra ser mamãe e também pro momento do parto! Me emociono cada vez que ouço a Jauana contar a história do parto do Gabriel. E chorei muito lendo este texto. Choro porque vejo o amor e cuidado dela e do esposo pelo Gabriel e também porque a história do nascimento do Gabriel reflete, no meu ponto de vista, muito a maternidade, a relação de mães e filhos e nossa vida aqui na terra de maneira geral. Creio que nós, como mamães, devemos nos preparar pra ter filhos, devemos ler e se informar sobre educação, fazer planos. Devemos investir na vida dos nossos filhos e sonhar coisas grandes. Creio que devemos assumir nossa responsabilidade com amor e alegria. Por outro lado, precisamos estar certas que a vida real traz mudanças de planos, traz dificuldades inesperadas e que muitas vezes precisamos abrir mão daquilo que achamos ser o melhor e confiar tudo ao Senhor, porque Ele cuida de nós e dos nossos! Vida de mãe não é igual comercial de margarina, que tudo sai como planejado o tempo todo. Vida de mãe é vida real! Encontramos a verdadeira alegria e beleza quando reconhecemos a graça e cuidado do Senhor em todo momento, mesmo quando somos surpreendidos por Ele . “Ao homem pertencem os planos do coração, mas do Senhor vem a resposta da língua.” Provérbios 16:1. Leiam este lindo relato e se você tem passado por uma situação inesperada na sua vida, seja no casamento, na maternidade ou no trabalho, continue confiando:  “Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará.”Salmos 37:5  (Observação importante: cada pessoa tem sua própria experiência e devemos respeitar isto, também com relação ao parto. Buscar informação de confiança e sabedoria pra tomar uma decisão consciente são fundamentais). 

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Olá eu sou Jauana Eidelwein, e quero relatar aqui o momento mais mágico que eu já vivi na minha vida, o dia que meu filho nasceu.

Vou dividir esse relato em três subtítulos: Não acredito!/Eu tive uma Doula / O Parto.

Não acredito!

Meu relato de parto precisa iniciar bem antes de eu ter engravidado, para que tudo faça sentido no final. Comecei bem!

Quando Maico e eu nos casamos, sabíamos que um dia desejaríamos ter filhos, por isso em cada exame anual, eu falava sobre isso com meu ginecologista. Desde a primeira consulta depois de casada, uma coisa estava certa para mim, eu jamais teria um filho de parto de normal. Não estou fazendo apologia à cesariana, absolutamente não. Isso apenas era uma decisão que eu havia tomado juntamente com meu médico, e por não estar nem um pouco informada e nem sjau 1equer grávida.

O tempo foi passando, e com sete anos de casados, mudamos para os EUA. Logo que chegamos não pensávamos em engravidar, porém passados dois anos, entendemos que era tempo de ter um bebe. Fiz meus exames anuais e embora estivesse com a saúde em perfeitas condições, o médico me receitou vitaminas pré-natais para que eu tomasse pelo menos durante três meses antes da concepção, e foi o que eu fiz.

Logo engravidei, e iniciei meu pré-natal. Na primeira consulta, já questionei a médica para quando agendaríamos minha cesariana. E para minha surpresa, a resposta dela foi que nos EUA só são realizadas cesarianas em casos de extrema necessidade para preservar a saúde da mãe e do bebe. “Eu não acredito”, pensei. Ou seja, especialmente por ser meu primeiro filho, e eu estar saudável, se tudo continuasse assim, minha única opção seria o parto normal, o que naquele momento parecia óbvio somente para a médica. Meu filho amado e tão desejado estava mesmo a se desenvolver dentro da minha barriga, mas eu estava apavorada pensando no dia em que ele viria ao mundo.

EU TIVE UMA DOULA

Depois de conhecer uma realidade médica onde a Obstetrícia respeita e prioriza os processos naturais de nascimento, tudo que minha cabeça desinformada desejava era voltar ao Brasil para ter meu filho. Foi então que fui presenteada com o acompanhamento de uma Doula. A Doula é uma “personal do parto”, uma profissional que te informa, auxilia, te prepara e acompanha durante a gestação até o momento do nascimento. Eu realmente recebi informação, e me preparei muito para um parto normal tranquilo, respeitando o tempo do Gabriel para nascer, e aprendendo a identificar os sinais do meu corpo para o momento da chegada do Gabi. Foram muitas leituras, vídeos, conversas, exercícios específicos para auxiliar no alívio das dores, foram dias e dias de treinamento, simulando a chegada do bebe e tendo o Maico junto comigo em cada encontro com minha Doula. Ela me ajudou a desconstruir o pavor que eu tinha do parto normal, e a construir um novo conceito sobre a forma natural de nascimento, onde eu permito que meu filho decida quando é hora de chegar, quando ele estará pronto para estar do lado de fora. Esse apoio e informação foram fundamentais para que eu chegasse ao hospital calma e segura. E assim foi, cheguei com meu plano de parto por escrito, cheia de coragem e amando a ideia de ter logo meu filhinho nos braços via parto normal!

O PARTO

Acordei animada e fui tomar um banho. Era nove da manhã, e eu teria consulta às três da tarde. Faltavam dois dias para fechar as quarenta semanas de gestação. A data prevista para o nascimento do Gabriel era treze de maio, estávamos ainda em onze de maio de dois mil e quinze e eu acreditava que seria minha última consulta antes do parto, pois já havia sentido algumas contrações no dia anterior.

Assim que saí do banho eu já não me sentia muito confortável. Dores nas costas, um peso enorme nas pernas e uma cólica que eu não conseguia explicar de tão forte. Não consegui esperar até às três da tarde e fui até a clínica onde eu fazia meu pré-natal, ainda de manhã. Chegando lá, as dores estavam tão fortes que eu achei que iria parir ali mesmo. Mas para minha surpresa, eu estava com apenas dois centímetros de dilatação e contrações muito irregulares. Minha pressão arterial havia subido um pouco, mas isso poderia ser resultado da dor, precisava apenas controlar. Adivinha?! Voltei para casa, tinha que esperar. O quê????!!!! Esperar o quê, eu pensei, esse guri vai nascer antes de eu chegar ao carro do jeito que estou com dor! Mas fui embora. Pedi que não desmarcassem meu horário das três horas porque eu certamente voltaria. E foi o que aconteceu, às duas horas e 30 minutos da tarde eu estava lá, querendo morder as paredes e a enfermeira também de tanta dor. Levaram-me para sala de atendimento para checar a dilatação e eu ouvi o que mais eu desejava naquela tarde: Dilatação evoluiu, cinco centímetros, pode ir ao hospital. Pressão arterial normal. Iupiiii!!!! Pensei comigo, essa noite meu amorzinho já vai dormir do lado de fora da barriga.

Dei entrada no hospital às quatro horas da tarde, Maico, eu e uma grande amiga. Andar estava quase tão difícil quanto escalar o Everest. Eu estava calma, mas aquela dor me deixava um pouco irritada. Logo que minha Doula chegou fui andar pelos corredores do hospital na esperança de acelerar o processo, mas a dor já estava quase maior do que eu. Então voltei para o quarto. Era mais de sete da noite quando eu me rendi e pedi anestesia. Checagem de dilatação: seis centímetros! Parabéns está evoluindo disse a enfeira sorrindo.

Às oito horas, eu já estava anestesiada e recebi nova checagem. Ainda seis centímetros, mas vamos manter a calma agora que a dor está controlada. Aliás, peridural é vida! Permitam-me o desabafo.

As nove horas estava com seis centímetros ainda, então a médica me perguntou se eu gostaria de aplicar ocitocina. Isso aumentaria as contrações e ajudaria a acelerar o processo, pois a anestesia poderia estar contribuindo para essa parada na evolução da dilatação. Nesse momento, eu me lembrei de tudo que eu havia lido sobre anestesia, sobre a ocitocina, e sobre o quanto eu havia planejado meu parto normal e parecia que as coisas não estavam fluindo bem como eu havia planejado. Pedi quinze minutos para médica, eu não poderia decidir isso sozinha. Conversei com o Maico, com minha amiga e com minha doula e juntos optamos por aceitar a ocitocina. Já que eu estava anestesiada, não queria que meu filho entrasse em sofrimento dentro da barriga. Ocitocina aplicada ainda antes das dez da noite.

As onze horas, sete centímetros de dilatação, funcionou! Se continuarmos evoluindo assim, antes da meia-noite ele vai nascer, disse a enfermeira. Que boa notícia, eu pensei. Nesse tempo a anestesia já estava passando seu efeito e eu comecei a sentir muitas dores. Todo o tempo minha Doula esteve ali, fazendo massagem nos meus pés e pernas que estavam inchados como nunca. Ela fez o máximo para que eu me sentisse o mais confortável e para que a equipe médica respeitasse meus limites ao máximo. Isso foi fundamental. Embora meu plano de parto não estivesse sendo realizado exatamente como havíamos escrito, eu estava me sentindo segura.

Logo precisei de mais uma dose de anestesia, e na checagem da primeira hora da madrugada minha dilatação estava em nove centímetros. Isso era muito bom. Os batimentos cardíacos do Gabriel estavam ótimos e as contrações regulares, mas ele decidiu não nascer dia onze. Às duas da manhã do dia doze de Maio de dois mil e quinze eu ainda estava com nove centímetros de dilatação. Depois disso eu me sentia cansada, mas confiante de que a qualquer momento ele nasceria. Entre três e quatro horas da manhã fizeram nova checagem, e nada de evolução. A obstetra disse que faria mais uma checagem em trinta minutos e talvez tentassem iniciar o parto com nove centímetros de dilatação caso o Gabriel estivesse encaixado. Ela voltou às cinco e trinta da manhã, e eu ainda estava com os mesmos nove centímetros, além dela não conseguir tocar na cabecinha do bebe. Dessa vez ela saiu da sala sem me dizer nada. Eu estava exausta, desde as quatro da tarde do dia anterior ali, o Maico dormia num sofá ao meu lado, minha doula estava do outro lado, todos estávamos esgotados.

Às seis horas da manhã a obstetra sentou-se na borda da minha maca e segurando minhas mãos me disse: Jauana, eu sei que você tem um plano de parto, eu sei que você está contando com o apoio do seu esposo e que você tem uma doula. Eu vejo que você se preparou para um parto normal, mas infelizmente nós não podemos continuar esperando querida. Seu bebe está bem, os batimentos cardíacos dele estão ótimos, você está bem, mas sua dilatação não evoluiu além dos nove centímetros, e estamos falando de um bebe grande, porque eu não consigo tocar na cabecinha dele. Isso significa que ele está tentando descer, mas ele não tem espaço, porque não há dilatação suficiente. Portanto, a anestesista voltará lhe aplicará nova dose de anestesia, e nós te encaminharemos para uma cesariana. Em 30 minutos estará com seu bebe no colo.

Eu chorei da primeira a última palavra que a obstetra me disse. Senti-me frustrada, derrotada pelo meu próprio corpo, e tudo que eu não desejava naquele momento era ir para uma sala de cirurgia para ter meu bebe. Eu estava querendo que ele nascesse da forma mais natural, eu estava pronta para um parto normal, mas eu não consegui. Fui abraçada pelos médicos, pelo meu esposo e pela minha doula, todos tentavam me mostrar que esta seria a forma mais segura para mim e para o Gabriel, mas eu apenas chorava.

A cesariana foi tranquila. Tive um vômito antes do início, resultado da anestesia. Não senti dor, mas a sensação do corte é algo presente na minha memória. Foi rápido, e olhar para o rostinho do Gabriel brevemente por sobre aquele pano azul, enquanto ele chorava coberto de sangue, me fez transbordar de amor em lágrimas. Maico fazia fotos, chorava e me dizia o tempo todo que o Gabi se parecia muito comigo. Ele queria me dar um prêmio, querido, porque Gabriel é a cara dele! Na verdade Gabi nasceu a cara do avô. Hehehe… Meu pai.

Quando eu jau 3me lembro disso tudo, eu ainda choro, mas não é um choro de decepção, como foi naquele dia. Hoje eu compreendo melhor a soberania de Deus em tudo na minha vida. O Senhor fez comigo, como fez com Abraão e Isaque. Ele me levou até as últimas instancias, mudou minha forma de pensar, gerou em mim um amor que superava meus medos e vaidades, e quando eu estava pronta, o Pai me livrou, mudou os planos. Não me livrou de um parto normal, porque isso seria maravilhoso, me livrou da morte, me livrou de ver meu filho sofrendo, me livrou de perdê-lo, me livrou de eu continuar pensando que planejamento é garantia de qualquer coisa, me livrou de estar entregue a minha própria sorte.

Gabriel nasceu, às 6h19min do dia 12 de Maio de 2015, de parto casariana pesando 4,040Kg e 54,5 cm. Um menino lindo, saudável e grande para glória de Deus!

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