Não estou de dieta e não vou me desculpar por isto!

Setembro 5, 2015 at 12:22 am

Desde que tive meu primeiro filho, há quase sete anos, cada vez que alguém vinha me fazer um elogio ou comentar de alguma roupa que eu estava usando eu me sentia obrigada a dar explicações.  

Se alguém me dissesse que eu estava bem, bonita, imediatamente minha resposta era: “é, mas ainda faltam muitos quilinhos pra perder, minha barriga nunca foi a mesma.” O mais engraçado era que na verdade estava me sentindo bem com meu novo corpo, com as mudanças que a maternidade e o tempo trouxeram no meu corpo e no meu rosto e na minha vida. Mas me sentia na obrigação de deixar claro pras pessoas que eu sabia que já não tinha o mesmo peso de antes e que já não me encaixava mais no padrão corpo de modelo, com o peso 20 quilos a menos que sua altura, de antes da gravidez. Na minha cabeça, de alguma forma, acreditava que se eu dissesse que estava satisfeita com meu corpo, seria admitir fazer parte do clube dos losers (perdedores). Afinal, admitir que estou satisfeita com meu corpo mesmo tendo estrias na barriga e mesmo meu quadril tendo alargado e mesmo com algumas pelezinhas sobrando na barriga me exclui do grupo das mulheres bacanas, da galera cool. Admitir que me sinto bem em minha própria pele era fazer parte do time das “fracassadas”.

Eu era muito,  muito magra mesmo antes de engravidar. E por isso, sempre ouvia as pessoas me dizendo que saíria do hospital com o mesmo corpo de antes. Não foi o que aconteceu. Meu primeiro filho nasceu com 4.380kg e 56 centímetros, parto normal. O segundo, que adiantou 4 semanas, nasceu com 4.180kg. Até minha estrutura óssea mudou. E o mais engraçado que isso nunca foi um problema para mim mas sentia que devia uma explicação as pessoas. Me sentia em dívida com as pessoas por já não estar naquele peso, me sentia em dívida porque meu apelido de criança, Guelinha (de magrelinha) já não me definia mais.

Mas recentemente algo mudou dentro do meu coração. E decidi contar ao mundo todo (pelo menos a todo mundo que quiser ler este blog) que me sinto super bem sendo quem sou. Não, eu não estou de dieta e não estou tentando perder as gordurinhas localizadas na barriga. E a próxima vez que alguém me elogiar ou comentar alguma coisa sobre minhas medidas, não vou mais me explicar ou dizer que ainda falta muito pra voltar ao que era antes. Já não vou mais me desculpar por não estar de dieta. Já não vou mais me desculpar por não ter o peso de antes e nem vou dizer “você tinha que ver como eu era antes de engravidar”.

Simplesmente porque decidi admitir pro mundo inteiro e pra mim mesma que a coisa mais natural da vida é a gente mudar. Que ilusão mais boba achar que as experiências que vivemos, que as dores e alegrias que experimentamos, que o tempo que passa, não irá trazer mudanças, seja no nosso espírito, no nosso corpo ou na nossa alma. As mudanças no meu corpo são apenas um pequeno reflexo das mudanças na minha alma.

Não quero lutar contra o tempo, não quero lutar contra as diferentes estações da minha vida, não quero continuar sendo a mesma pessoa para sempre. Descobri que mudanças são boas e são inevitáveis.

“Mudança é a lei da vida. E aqueles que olham somente para o passado irão certamente perder o futuro.” John Kennedy

E isso não significa que não vou me cuidar, que não quero estar bonita ou que não vou me exercitar. Não estou aqui defendendo um estilo de vida sedentário, com escolhas pobres em relação a alimentação e saúde. Gosto de me sentir bonita e fico feliz que meu marido se sinta bem ao meu lado. No geral, comemos saudável aqui em casa, nossas atividades prediletas são fora de casa, seja andar de bicicleta no parque, fazer uma trilha, subir a montanha aqui perto de casa ou nadar. Graças a Deus, todo ano no check up anual meus resultados são ótimos e não estou acima do peso (da perspectiva médica).

Mas significa sim que existe uma diferença entre aceitar as mudanças que a vida e o tempo trazem (sendo que entre elas estão o amadurecimento e o envelhecimento) e simplesmente negá-las. Não importa quanto creme passe no meu rosto, quanta dieta eu faça ou quantas plásticas me submeta, ainda assim vou envelhecer. Pra mim, estar em paz com IMGK2868o espelho significa estar em paz com o ciclo natural da vida, aceitar a beleza que existe em cada estação! Significa que quero me olhar no espelho e me gostar como uma mulher de 34, e não esperar ver a mesma menina de 24 anos do dia do meu casamento.

Significa que não vou me escravizar debaixo de padrões ditados pela mídia. Significa que eu vou comer um pedaço do teu bolo de aniversário quando você me convidar para sua festa sem ficar me comparando com as não comeram. Significa olhar as fotos que meu marido tirou de mim na piscina com meus filhos e enxergar a alegria nos nossos rostos, não as estrias na barriga.

 

Significa que eu vou usar uma saia gode que acho bonita e vestidos rodados quando sentir vontade mesmo sabendo que este tipo de roupa faz meu quadril parecer um pouco mais largo. Eu sei, eu sei que quando eu ponho uma calça jeans skinny e uma camisa as pessoas costumam me dizer que “nem parece que eu tenho três filhos”, mas mesmo assim vou continuar usando aquela saia que não causa tantos elogios. Nem eu e nem as roupas que uso seremos mais escravas de “nem parece que você tem três filhos”.

Sempre quis cortar meu cabelo mais curto, mas por anos nunca o fiz porque as pessoas me diziam que cabelo curto não fica bem pra mulher alta! Pois bem, cortei e adorei! Daqui uns dias, quando cansar, deixo crescer de novo. Hoje estou me sentindo super bem como estou, não estou de dieta e não vou me desculpar por isso. Daqui uns anos, posso decidir diferente. O problema não está no cabelo curto, no cabelo longo, na saia rodada, no jeans skinny, na dieta ou na pelezinha que sobra na barriga. O problema está nos rótulos. O problema é achar que porque eu não me encaixo no que os outros esperam de mim eu sou uma fracassada. O problema está em perder a paz, a alegria, a leveza da vida pra satisfazer o que os outros esperam de nós: que nunca mudemos! Eu mudei, meu corpo mudou, minha alma mudou, minhas experiências mudaram. Quando me olho no espelho, fica claro que não sou a mesma de 10 anos atrás. E isto não me traz tristeza, mas alegria de saber que tenho vivido pra desfrutar cada estação.

E da próxima vez que você falar que estou bonita, vou te dizer muito obrigada, sem pedir desculpas por que já não tenho o corpo de 8 anos atrás.

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