A Guerra Fria nas Redes Sociais. Você é cúmplice?

Março 7, 2018 at 8:57 pm

Já aconteceu comigo e provavelmente com você. Depois de uma dia tão gostoso e agradável na casa de amigos, no final do dia ouvia as risadinhas das minhas crianças correndo descalços na grama verdinha do nosso quintal, sentia o cheiro gostoso da minha xícara de café enquanto passeava nas redes sociais relaxando no sofá. Entre tantos posts legais, um caiu como um veneno amargo na alma e por alguns minutos, me deixou triste. Não era nada especial, uma reunião de amigas para a qual não tinha sido convidada. Normalmente essas fotos não me atingiriam mas aquela amiga era uma amiga muito especial pela qual tenho muita consideração. E por alguns segundos me senti triste. Até senti vontade de postar as fotos do dia maravilhoso que tinha tido para que os outros vissem que eu também me divirto e também tenho uma vida legal, bacana. Mas daí a ficha caiu: tive um dia maravilhoso com meus filhos e amigos. Mesmo que tivesse sido convidada para aquele encontro, não poderia ir pois já tínhamos feito planos com outras pessoas. E o mais importante: redes sociais não são uma arma para machucar os outros.

Meus minutos de auto-piedade duraram pouco e logo passaram. Mas quanto mais converso com pessoas, mais percebo que esses meios, que talvez foram criados com o intuito de aproximar o ser humana e trazer para perto quem está longe, tem causado feridas e dores para muitos. Um sentimento de inadequação, um sentimento de não se sentir parte ou se sentir deixado de lado. Uma guerra fria, não declarada, de quem é mais amado, quem é mais convidado para as festas, quem é mais parte do grupo. Me parece que as redes sociais vieram trazer a flor da pele nossas inseguranças mais profundas.

Qual seria o caminho, então? Sair de todas as redes sociais e viver uma vida à moda antiga? Se as redes sociais tem te feito mais mal do que bem, talvez esta seja uma opção. Mas para outros que gostam da interação com antigos amigos da faculdade ou com familiares que vivem a um oceano de distância, talvez isso nunca venha a acontecer. Se talvez conseguirmos desmistificar e entender como essas redes funcionam poderemos lidar melhor com elas.

Uma das coisas que podem causar desconforto nas redes sociais é o fato de que acreditamos na falsa ideia de que somos parte da vida de muita, mas muita gente mesmo. Temos 500, as vezes 900 amigos na nossa lista. Acompanhamos o dia desses “amigos” pelas redes sociais. Sabemos quando eles começam a namorar, quando o tão esperado pedido de casamento vem. Acompanhamos o planejamento da festa, os sonhos da noiva. Virtualmente, curtimos cada minutos e nos sentimos um pouco parte da vida deles, assim como nos sentimos íntimos dos personagens de uma novela. E aí, nos sentimos frustrados quando não somos convidados pra festa de casamento, ou pra uma reuniãozinha de inauguração da casa ou a festa de um aninho do filho. Mas a verdade é que mesmo que possamos acompanhar a vida de 500  ou 600 pessoas pelas redes sociais, na vida real ninguém consegue participar ativamente da vida de tanta gente. E então temos a falsa impressão que fomos deixados de fora. A verdade, no entanto, é que ninguém está dentro do círculo o tempo todo assim como ninguém está fora o tempo todo. Todos nós temos pessoas e grupos íntimos que fazem parte da nossa vida real. E embora seja legal manter contato com o colega da escola do seu filho ou alguém que você vê no domingo na igreja pelas redes sociais, isso não significa que essas pessoas estão dentro do nosso círculos mais íntimo das nossas amizades, aqueles que conhecem nossa casa e coração.

Uma coisa que sempre observo também é qual minha intenção a postar determinada foto ou post? Minha motivação é compartilhar algo legal que tenho experimentado, um lugar bonito que fui visitar, o crescimento e fofurices do meus filhos, uma ideia que pode gerar uma discussão saudável e respeitosa? Ou postar algo que vai gerar intriga, inveja, confusão e fofoca? Quanto minha motivação está correta, posto sem problema nenhum. Mas se minha motivação é me “vingar” da pessoa que não me convidou semana passada ou atacar alguém com indiretas, lembro-me que essas redes não são uma arma e não estou em uma guerra para conquistar território nem para provar para ninguém quem é mais amada, mais convidada ou mais querida. Tão pouco impor meus pontos de vistas como a única verdade absoluta, sem respeito ou consideração.

 

Terceiro, lembro-me que minha melhor escolha é sempre agir com graça. Minha amiga pode não ter me convidado aquele dia, mas quantas vezes ela já me convidou? Quantas vezes ela esteve ao meu lado em momentos bons e difíceis?  Relacionamentos verdadeiros, que duram, precisam amadurecer e precisam ser construídos na base da liberdade. Ela é uma das minhas amigas assim como eu sou uma de suas amigas. Não sou sua única amiga assim como ela não é minha única, pois isso nem seria bom. Eu não a convido para tudo que faço assim como ela não me convida para tudo que faz. Ela tem outras pessoas queridas na sua vida com quem gosta de se relacionar assim como eu tenho e isso é ótimo e saudável.

Mark Zuckerberg certamente transformou o mundo e os relacionamentos com suas invenções. Mas precisamos entender essas novas formas de comunicação para que elas sejam uma ferramenta e não uma arma em nossas mãos. Uma arma que fere a alma e machuca os sentimentos!

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