A gaiola que aprisiona os que estão a nossa volta

Maio 14, 2015 at 12:23 am

Sábado passado foi um daqueles sábados bem ocupados. Tinhamos vários compromissos, e todos importantes. Era a formatura de uma querida amiga, o aniversário de um amiguinho dos meus filhos e o Josh tinha um jogo de baseball que não poderia faltar, pois o time já estava desfalcado. Decidimos que eu iria na formatura da minha amiga sozinha e meu marido iria na festinha e depois no baseball (eu encontraria com ele depois, o que acabou não acontecendo por causa de um atraso).

Deixei tudo organizado no dia anterior e assim procedemos. Na formatura, tudo muito bonito e emocionante, e eu com uma anteninha ali e outra lá em casa, no que estava acontecendo. Será que meu marido iria conseguir colocar o bebê pra descansar antes do horário da festa? Será que ele iria escolher a roupa certa pros meninos? “Espero que ele não se atrase, como pedi para ele várias vezes.”

1337848_69017500Porque fico em casa com os meninos, e também porque por natureza tenho uma característica de liderança, e porque amo minha família e quero o melhor pra eles, tantas vezes tenho dificuldade em entregar o controle da situação e simplesmente dar liberdade para os que estão em minha volta! Existe uma linha muito fina entre amar, cuidar, ensinar e guiar; ou controlar, dominar e exigir. É muito triste quando vemos crianças que crescem aprisionadas dentro de uma gaiola: a gaiola da necessidade de agradar aos outros, de realizar o sonho dos outros ou de suprir a expectativa dos outros.

Esses dias estava lendo um texto que falou tremendamente comigo! Um pai de quatro filhos que perdeu sua esposa pro câncer (uma blogueira muito conhecida aqui nos Estados Unidos) estava contando como estava sendo o primeiro aniversário sem sua esposa:

“Semana passada nós tivemos nosso primeiro grande momento sem a Kara: Nossa filha Story completou seis anos. Ela queria uma festa de Rock Star com alguns amiguinhos… Estes eram os eventos que eu temia grandemente quando a Kara estava doente e já sabiamos que ela iria falecer. Um dia, eu perguntei a Kara se ela poderia me ajudar a planejar todo o nosso primeiro ano depois que ela falessesse. Achei que teríamos uma longa e difícil conversa, e eu já estava pronto pra anotar tudo o que ela me orientasse a fazer. Mas Kara simplesmente me disse: “Você fará um ótimo trabalho. Você saberá exatamente o que fazer.” Esta não era a resposta que eu queria mas era a resposta que eu precisava. Eu precisava saber que eu conseguiria lidar com tudo isto e que eu me sairia bem. Que eu conseguiria tomar decisões pela nossa família mesmo sem a presença e opinião dela. Eu precisava saber que o que nós, como família, decidíssemos fazer, estaria bem. Eu aprecio tanto a liberdade que Kara me deu.

Estes dias minha outra filha Harper me disse: “Papai, você chora mais do que qualquer um de nós.” E eu concordei e chorei ainda mais naquele momento. Eu choro mais porque quando eu olho meus quatro filhos me dói saber do futuro que eles não terão com a mamãe deles.

Mas mesmo no meio desta perda, Kara foi graciosa de nos dar liberdade.

Passando por esta perda, eu consigo ver como é fácil ficar aprisionado nos desejos daqueles que faleceram. De viver a vida olhando pra trás e tentando agradar e receber a aprovação. Eu percebo quão abençoados fomos por Kara, que mesmo nos seus últimos momentos, nos deu liberdade pra continuar nossa vida como família. Ela confiou em nós. Nada disso tira a dor da perda mas tira sim um peso! Eu me sinto livre para rir e chorar, e às vezes as duas emoções vem no mesmo momento.”*

Quais são os medos que te levam a controlar os que estão à sua volta? Como é possível dar liberdade para aqueles que você ama e estão a sua volta? Confiamos em Deus o suficiente pra acreditar que “aquele que começou a boa obra nos que estão ao nosso redor é fiel para terminá-la”, ou queremos manter tudo debaixo do nosso controle, aprisionando os que estão ao nosso redor?

Foi para a liberdade que Cristo os libertou. Gálatas 5:1

 * A história da vida de Kara e sua família podem ser lidas no blog Mundane Faithfulness – tradução livre feita por mim.  Link: http://www.mundanefaithfulness.com/home/2015/5/6/firsts

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