Eu tinha planos, meu filho tinha outros! Quem venceu?

Agosto 14, 2014 at 7:24 pm

Este verão passamos muitos dias agradáveis na piscina de uma amiga, brincando com ela e seus filhos! Hoje não foi diferente. Enquanto os meninos dormiam e eu me preparava para buscar o Josh na escola, fiz todo o longo ritual necessário para ir com três meninos (5, 3 e 1) na piscina. Enchi uma bolsa de frutinhas, queijo, bolachinhas, água e sucos! Na outra, coloquei bóia, roupa de piscina, protetor solar, mudas de roupa extras para algum “acidente”, bonés e todo o arsenal!

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Sobrevivemos a primeira etapa, a da preparação, que leva mais ou menos 1 hora! Chegando lá, pensei: “Ah, valeu a pena! Agora vou poder relaxar e bater papo com minhas amigas enquanto as crianças se divertem com os amigos! Uma tarde relaxante, tudo que preciso.” Eles se dão super bem com estes amiguinhos, a piscina é segura e sempre passamos momentos divertidos juntos.

Mas hoje um dos meus filhos tinha planos um pouco diferentes e esqueceu de comunicá-los à mamãe! Ele preferiu passar duas horas inteirinhas sentado a beira da piscina em uma cadeira de castigo do que simplesmente ser educado e dizer “Hi” ou “Oi” para a Senhora Ellen, mãe dos seus amigos.

Explico a situação: tenho conversado e ensinado muito sobre boas maneiras a esse meu filho. Ele é um menino querido e educado, dificilmente briga com alguém mas está com um costume feio: sempre que vamos a uma loja, ou à casa de amigos, e algum adulto olha para ele e diz “Oi Ian, que bom te ver” ele olha para a pessoa e faz um som tipo “Uh”, franze as sobrancelhas e fica com cara brava. Já tínhamos conversado muito com ele sobre como é importante ele ser educado com outros adultos, especialmente amigos da mamãe e do papai, e que esse comportamento dele não ia mais ser aceito.  Hoje, quando chegamos na piscina, minha amiga veio toda feliz e disse:

– Oi Ian, você teve um dia bom?

Ele franziu a testa, fez seu som habitual, virou as costas e foi em direção à piscina brincar com os filhos dela.

Na hora, chamei-o de volta e disse:

– Ian, venha dar oi pra  Ellen!

Ele me disse:

– Não!

E este foi o momento crítico! Minha amiga não fala português, então não estava entendendo muito. Em questão de poucos minutos, fiquei conjecturando em minha cabeça qual deveria ser minha decisão naquele momento:

1) Meu sentimento me dizia: “deixa pra lá! Você sabe que se você decidir levar isto adiante ele vai fazer birra, chamar a atenção aqui na piscina e todo mundo vai ficar te olhando. É possível que você até tenha que ir embora, pois você não vai ficar com ele chorando aqui e atrapalhando todo mundo, vai? Lembra todo o trabalho que você teve pra arrumar tudo e vir relaxar? O que as outras mães vão pensar? Que seu filho é um cabeça-dura! À parte disso, elas nem entenderam direito a situação, pois não falam português! E tadinho do seu filho, vai acabar perdendo de se divertir hoje por algo tão pequeno.”

2) Já minha razão dizia: “Bem, esta situação já vem se repetindo pelo verão inteiro; ele já teve essas atitudes várias vezes e eu tenho conversado sobre isto com ele em casa; certamente vai dar trabalho puni-lo aqui, mas ele precisa entender quem é a autoridade. À parte disso, não existe nenhum motivo pra ele agir assim, a não ser para determinar quem está no controle e também para testar os limites.”

A razão acabou falando mais alto. Não ache que é sempre assim – confesso que algumas vezes deixei situações passar pois não estava com ânimo pra enfrentar as birras de um garotinho. Disse ao meu filho:

– Você só poderá ir brincar depois que for até a Senhora  Ellen e disser: “Hi Ms Ellen”, mas até que você faça isso você precisa ficar sentado nesta cadeira.

Meu filho preferiu ficar duas horas inteiras sentado na cadeira olhando todos seus amigos e seus irmãozinhos se divertirem do que falar um simples “oi”.

Pra minha surpresa, ele não fez birra nem chorou por causa do castigo, mas ao mesmo tempo não arredava o pé da decisão que tomou. Ficou sentado lá só observando e esperando que eu fosse voltar atrás. Me perguntou várias vezes se poderia ir brincar mas sem falar oi.  Minha amiga foi muito compreensiva, comentou como um dos seus filhos é bem cabeça dura e que várias vezes ela teve que ser firme com ele!

Enquanto tudo isso acontecia, lembrei de uma citação que li esta semana: “ouça atentamente qualquer coisa que seus filhos estão lhe dizendo, não importa o que seja. Se você não prestar atenção nas pequenas coisas agora que eles são pequenos, eles não te dirão as grandes coisas quando eles se tornarem grandes, porque para eles tudo tem sido sempre algo muito importante”. Catherine M. Wallace

Na hora que li esta citação, fiquei pensando quão importante é ouvir as histórias dos nossos filhos, as aventuras na escola e sobre seus desenhos favoritos. Mas hoje à tarde, lá na piscina, fiquei pensando que além de prestar atenção nas milhares de histórias e contos que nossos filhos nos dizem, como é importante prestar atenção no que eles realmente estão nos comunicando com suas atitudes. Naquele momento meu filho estava testando meus limites. Ele queria se sentir seguro. “Se eu agir assim, será que a mamãe vai realmente cumprir o que ela me disse diversas vezes lá em casa ou será que com um pouco de choro eu a consigo manipular?”, pensava! Parecia ser algo muito pequeno, mas se tratava de mais um tijolinho que precisava ser posto nesta enorme construção que é o pastoreio do coração dos nossos filhos.  Era mais importante ensinar ao  meu filho uma lição de vida e caráter do que ter uma tarde relaxante com minhas amigas e deixá-lo se divertir. Conflitos nem sempre são ruins. Às vezes eles são necessários para que haja crescimento. Manter uma aparente paz a todo custo ou fazer o que nossos filhos querem, para evitar situações difíceis, é o mesmo que fechar nossos ouvidos para o clamor do coraçãozinho deles: “mamãe, papai, guie-me, ensine-me, corrija-me!”

No final, uns 20 minutos antes de irmos embora, ele finalmente me disse: “Mamãe, eu vou dizer oi”. Disse oi, brincou um pouquinho e na janta contou o que tinha acontecido ao papai. Não triste nem bravo, mas sentindo-se seguro e amado! Quem venceu? Nós dois!

É natural que as crianças façam tolices, mas a correção as ensinará a se comportarem. Proverbios 22:15

 

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